Desigualdades Sociais e
Expansão Educacional no Brasil Nos últimos 30 anos, o Brasil experimentou uma grande expansão das matrículas nos três níveis de ensino. A Teoria do Capital Humano e seus herdeiros sempre defenderam a educação como um dos principais caminhos para aumentar o crescimento econômico e diminuir as desigualdades. Por outro lado, há autores que desde a década de 70 apontam os limites sociais desse tipo de empreendimento, como Hirsch, Boudon, Bourdieu, Jencks e outros. Para análise do caso brasileiro, buscou-se a confrontação dessas perspectivas através da análise de dados do IBGE e IPEA, reunindo informações dos últimos 30 anos acerca da educação (principalmente PNADs e AEBs), crescimento econômico e desigualdade. Para cada uma das categorias, foram pesquisadas mais de uma coleção de dados. Verificou-se que a expansão das matrículas não tem se mostrado eficaz para a diminuição das desigualdades, que mostraram-se quase inertes em relação às transformações educacionais, o que é contrário à TCH. Por outro lado, o crescimento econômico e outros fenômenos sociais também se mostraram limitados em relação à diminuição das desigualdades. Devem-se investigar mediações entre educação e seus efeitos sociais, como a estrutura ocupacional e a produção tecnológica. Observou-se descolamento das estratificações de renda e escolaridade, comportamentos diversos da relação renda e escolaridade nos níveis individual e macro social e queda do poder econômico dos títulos educacionais.
Ao longo do século XX houve uma melhora geral da escolaridade
média da população brasileira. Entretanto, o Brasil
continua apresentando baixos níveis de escolaridade formal e alta
desigualdade de oportunidades educacionais quando comparado a outros países
desenvolvidos e em desenvolvimento. Estes fenômenos têm sido
tradicionalmente associados a fatores sócio-econômicos, demográficos
e familiares como renda, número de irmãos e escolaridade
dos pais. Da mesma maneira, uma parte significativa das desigualdades
educacionais também provém de características sociais
adscritas, como sexo e raça. Neste trabalho as desigualdades educacionais
geradas por estes dois fatores são investigadas entre coortes de
adultos nascidos ao longo do século XX. Utilizando-se os dados
das Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílio (PNADs) de 1977
a 2002, realizadas anualmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), o objetivo do artigo é identificar níveis
e padrões de desigualdade educacional associados a sexo e raça.
Os resultados descritivos mostram, por exemplo, que existia no passado
uma superioridade masculina em relação a anos de escolaridade,
a qual foi revertida primeiramente pelas mulheres nascidas a partir do
início da segunda metade do século XX, e que continua crescendo
nas gerações mais novas. Em paralelo a isto, o hiato de
escolaridade em favor dos brancos em relação aos negros
permaneceu e não vem demonstrando sinal de reversão até
o início do século XXI. Neste contexto, este artigo vem
mostrar, entre outras coisas, que no Brasil atual o mais forte viés
de desvantagem educacional se dá em direção dos indivíduos
negros do sexo masculino.
O trabalho que pretendo apresentar teve como objetivo analisar as implicações do Exame Nacional do Ensino Médio -ENEM , enquanto um fator democratizador do acesso dos alunos oriundos das classes populares às Universidades Públicas e gratuitas do Estado de São Paulo.O ENEM é um exame realizado pelo MEC em nível nacional para "aferir as capacidades cognitivas básicas necessárias á conduta humana na sociedade atual". Este exame, que é voluntário, é realizado anualmente e consta de uma redação e de 63 testes de múltipla escolha que envolvem os assuntos de português, matemática, geografia, história, biologia, fisica e química. Segundo o MEC seu propósito é avaliar as habilidades e competência dos alunos. Para os idealizadores do ENEM, esse exame aumentará as possibilidades de ingresso dos alunos das redes públicas em universidades públicas, democratizando assim o vestibular. Neste trabalho, que é o resultado de minha tese de doutoramento, nos propomos a pesquisar entre os alunos ingressantes nas universidades públicas estaduais de São Paulo, a saber, USP, UNESP e UNICAMP, quais deles são oriundos das escola públicas e aferir estatisticamente quantos deles fizeram o ENEM, atestando assim se houve ou não uma ajuda efetiva para seus ingressos nessas Universidades.Ao lado disso, fizemos uma análise das provas, discutindo as concepções de currículo nelas presentes e a decorrente concepção de avaliação assumida por seus mentores. Para consubstanciar minha pesquisa, estudei as políticas públicas em curso no país, principalmente àquelas relacionadas diretamente à avaliação institucional, trazendo à tona as discussões sobre a estratégia dos Bancos Multilaterais de Financiamento, principalmente o Banco Mundial, e suas ingerências nas elaborações e implementações das políticas Educacionais em curso no Brasil.Fizemos um estudo das reformas políticas ocorridas em Portugal, Espanha e Inglaterra relativamente à educação como resultado das concepções neoliberais de administração do Estado, fruto do ascenso das políticas da "Nova Direita" nesses 3 países europeus no último vintênio, onde pudemos perceber um claro e intencional ataque ao Estado providência e a suas políticas sociais. Dentro deste escopo, pudemos perceber como o último Governo brasileiro se deixou influenciar por essas políticas e qual o desdobramento das mesmas no campo das políticas públicas educativas no Brasil, principalmente naquelas referentes à avaliação sistêmica. Como elementos de conclusão, ao apreendermos que o ENEM em quase nada tem democratizado o acesso ao ensino superior aos alunos oriundos das escolas públicas e gratuitas de ensino médio no Brasil, passamos a nos perguntar quais políticas poderiam ser implementadas em âmbito nacional para efetivamente promover essa democratização do acesso. Assim, analisamos tr:es propostas que vem sendo debatidas entre o Governo e a sociedade brasileira: -A reserva de cotas para negros -A reserva de cotas para alunos vindos das escolas públicas -A "compra" de vagas ociosas das universidades privadas para os alunos das classes populares e de minorias. Finalizamos nosso trabalho pontuando os prós e contras dessas propostas, discutindo suas aplicabilidades inclusive numa perspectiva de apresentação desses resultados para o atual Governo do presidente LULA.
Sem deixar de considerar o argumento teórico que fundamenta o direito à inclusão do todos na sociedade democrática, a pesquisa investiga as condições de possibilidade das políticas públicas de educação que, no Brasil, a partir da promulgação de uma nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em 1996, vêm recomendando o acolhimento de todos nas escolas básicas de ensino regular, inclusive os portadores de necessidades educativas especiais. A relevância deste tema de investigação justifica-se pelas indagações que as propostas inclusivas provocam num país como o Brasil, cuja história social e educacional tem sido marcada pela exclusão, pela elitização da educação e pela marginalização do magistério público, premido pelos baixos salários e pela falta de oportunidades de qualificação. Articulando uma rede de pesquisadores ligados ao Programa de Pós Graduação em Educação nas Ciências da UNIJUI (Universidade Regional do Noroeste do Estado do RS), a questão da inclusão tem sido abordada sob diferentes ângulos e sob aportes teóricos, também, diferenciados. Através de projetos específicos, que se configuram em dissertações de mestrado, relatórios e publicações, o grupo de pesquisadores, sob a coordenação da professora proponente desta comunicação, tem privilegiado temas como: as condições de aprendizagem de portadores de necessidades educativas especiais -PNEE integrados em classes regulares; a escolarização de crianças psicóticas; a inclusão escolar de jovens e adolescentes em conflito com a lei. Na interlocução dos temas específicos que tratam a questão da inclusão educacional, a matriz da pesquisa estabelece a interface com as políticas públicas de educação, inferindo sobre as condições de possibilidade de sua implementação na sociedade brasileira. |
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