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Insatisfacción con la oferta política de los partidos
de izquierda en Portugal
Braulio Gómez Fortes - Instituto Juan March
bgomez@ceacs.march.es
¿Cuándo se incrementa la participación
electoral se benefician siempre los partidos situados en la izquierda
de la escala ideológica? Diversos estudios realizados en EEUU demuestran
que existe una relacion significativa entre los resultados del Partido
Demócrata y el índice de participación. En España
se ha demostrado también que dentro de los abstencionistas existen
más ciudadanos de izquierdas que de otras ideologías. Por
lo que el PSOE siempre es beneficiado por una alta participación.
Partimos de la base de que existe una abstención política
de ciudadanos que se consideran de izquierdas pero que no están
satisfechos con la oferta política que ofrecen los tradicionales
partidos de izquierdas. Estamos hablando de la existencia de unos individuos
informados que se preocupan por la política pero que su actitud
crítica les impide votar al partido del que estarían más
cerca ideológicamente. Parece que los partidos de centro y derecha
son capaces de movilizar, independientemente de lo que ofrezcan, a sus
electores.
En este paper vamos a verificar en primer lugar si en Portugal también
hay una relación significativa entre ser de izquierdas y abstenerse
en las elecciones legislativas. Para ello se van utilizar las encuestas
postelectorales para las elecciones legislativas de 1991, 1995, 1999 y
2003 que son las únicas disponibles donde se pregunta por la escala
ideológica del individuo.
A eleição presidencial brasileira de 2002: avaliação
geral e análise de fatores relevantes na decisão de voto
Yan de Souza Carreirão - Universidade Federal de Santa Catarina
(Brasil)
yan@cfh.ufsc.br
O trabalho faz uma análise do processo e
dos resultados da eleição presidencial brasileira de 2002,
em que pela primeira vez na história do país foi eleito
um presidente vinculado a um partido de esquerda. Esta análise
é precedida por um breve histórico da vida política
brasileira recente. Utilizando os dados do Estudo Eleitoral Brasileiro
(ESEB) - principal survey acadêmico em âmbito nacional sobre
a eleição presidencial brasileira de 2002 - o trabalho busca
também verificar quais os fatores mais relevantes na decisão
de voto dos eleitores brasileiros. Isso é feito através
de análises de regressão logística (para cada um
dos principais candidatos) em que são incluídas variáveis
independentes relacionadas com as seguintes hipóteses: a) voto
de natureza ideológica (utilizando algumas escalas produzidas pelo
estudo a partir de opiniões políticas dos eleitores); b)
voto por "identificação ideológica" (autoposicionamento
do eleitor numa escala esquerda-direita); c) voto influenciado pelas inclinações
ou "sentimentos" partidários dos eleitores; d) voto por
avaliação de desempenho do governo em exercício;
e) voto influenciado pela avaliação que os eleitores fazem
de características pessoais dos candidatos. Além dessas,
são incluídas outras variáveis de controle (como
sexo, idade, renda, escolaridade e religião), de forma a verificar
sua possível influência sobre o voto.
Resulta do trabalho uma avaliação geral sobre o processo
eleitoral, sobre o significado da eleição do presidente
Lula e sobre as maneiras pelas quais os eleitores tomam suas decisôes
de voto.
Participação Eleitoral no Brasil: história
e determinantes.
Jairo Nicolau, professor de ciência política do Instituto
Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro - IUPERJ (Brasil).
jnicolau@iuperj.br
O Brasil passou por um rápido processo de
incorporação eleitoral ao longo do século XX. Nas
eleições de 1930, apenas 5% da população compareceu.
Nos anos 80 esta taxa subiu para cerca de 50%. Esse processo deveu-se
em larga medida a obrigatoriedade do voto e do registro, medidas em vigor
desde 1934. Hoje o país praticamente universalizou a cidadania
política, e apenas um reduzido contingente de eleitores ainda não
tem o direito de votar.
Um dos objetivos do texto é comparar o processo de ampliação
da cidadania política do Brasil com o experimentado por outras
democracias. Apesar do ritmo veloz com que cada vez mais eleitores foram
incorporados ao processo eleitoral, a proibição de os analfabetos
votarem (só suspensa em 1985) estabeleceu um limite significativo
para essa incorporação - para se ter uma idéia, em
1960 o contingente de adultos analfabetos era de 39%, hoje está
na casa de 13%. A primeira parte do trabalho fará um percurso comparativo
do processo de incorporação eleitoral do Brasil com o das
democracias européias e das novas democracias da América
Latina, Europa Central e Ásia. Um elemento a destacar é
que esse processo é contínuo desde de 1930, não sendo
sequer interrompido durante os vinte e um anos de Regime Militar (1964-1985).
Outro objetivo é mapear o perfil do eleitor que não tem
título eleitoral. Sabemos pouco sobre essa franja de excluídos,
mas há uma desconfiança que entre eles estejam os adultos
mais pobres e com menor escolaridade, pois o registro e o voto são
facultativos para os analfabetos. Uma pesquisa de opinião feita
pelo IUPERJ em 2002 apresenta dados novos que permitirão dizer
quem são os adultos que não estão registrados como
eleitores.
O trabalho procurará dar uma contribuição ao entendimento
de um dos maiores "dramas" da atual experiência democrática
brasileira: o alto contingente de votos anulados e deixados em branco
pelos eleitores. Até recentemente, o país era campeão
mundial de votos anulados (nas eleições para a Câmara
dos Deputados de 1990, a taxa foi de 43%) - o que talvez seja o cenário
empírico mais próximo da recente ficção de
José Saramago sobre o tema. Em larga medida, os votos anulados
eram fruto de uma combinação perversa entre eleitores com
baixa escolaridade média e uma das cédulas eleitorais mais
complexas do mundo. Desde 1996, os eleitores brasileiros votam eletronicamente.
Testes estatísticos com os resultados das eleições
por município permitirão avaliar os impactos de variáveis
sociais (perfil da população, desenvolvimento econômico,
IDH) e cívicas (associativismo e presença de conselhos)
sobre a participação eleitoral.
O trabalho analisará a participação eleitoral no
Brasil utilizando três diferentes recursos metodológicos:
a) institucionalismo histórico: análise da história
das instituições eleitorais brasileiras, comparativamente
a de outras democracias; b) a análise de pesquisas de opinião
(micro-dados) que apresentam o perfil do não eleitor brasileiro;
c) análise estatística dos resultados das eleições
(macro-dados) que ajudem a entender os possíveis determinantes
institucionais e sociológicos do envolvimento (comparecimento)
e não envolvimento (votos nulos e em branco) dos cidadãos
com a política nas eleições no âmbito municipal.
Identidades ideológicas e partidárias: A "nova
Europa do Sul" em perspectiva comparativa
André Freire (ISCTE -Instituto Superior de Ciências do Trabalho
e da Empresa e ICS-UL -Instituto de Ciências Sociais da Universidade
de Lisboa)
Quer a formação das identidades ideológicas,
quer a formação das identidades partidárias são
processos que se vão desenvolvendo ao longo dos percursos de socialização
(primária e secundária) dos indivíduos. Além
disso, transmitem-se entre gerações e estão estreitamente
relacionadas com a idade, isto é, crescem e consolidam-se com o
avanço desta e a aprendizagem política associada. Adicionalmente,
a formação de qualquer daquelas duas identidades, típicas
das democracias modernas, carece de um ambiente de diferenciação
partidária e ideológica efectivas, associados à existência
de livre competição política.
Tendo em conta este enquadramento, este artigo compara de forma sistemática
a evolução das identidades ideológicas (autoposicionamento
na escala esquerda-direita) e partidárias (identificação
com os partidos políticos) dos eleitores nas jovens democracias
do Sul da Europa (Portugal, Espanha e Grécia) com outros oito regime
democráticos do velho Continente (França, Grã-Bretanha,
Alemanha, Itália, Holanda, Dinamarca, Bélgica e Irlanda),
entre a década de 1970 e 2002.
Tendo em conta que a instauração da democracia ocorreu na
"nova Europa do Sul" - Portugal, Espanha e Grécia - apenas
após 1974, é expectável encontrar nestes países
um menor reconhecimento e utilização das etiquetas ideológicas
- esquerda e direita -, bem como menores níveis de identificação
dos eleitores com os partidos políticos, face às democracias
Europeias mais antigas. No caso grego, tendo em conta o menor interregno
ditatorial (1967-1974) e uma certa continuidade nos objectos políticos
(partidos, líderes e tendências políticas) antes e
depois do regime dos coronéis, é de esperar que as diferenças
face à "velha Europa" existam também, mas sejam
em menor grau.
A análise da evolução das identidades ideológicas
dos eleitores Europeus durante as últimas três décadas
permitirá submeter também a prova empírica a hipótese
sobre o "fim das ideologias", ou pelo menos do seu declínio.
Todavia, em termos evolutivos espera-se que, a verificar-se, a erosão
das identidades ideológicas e partidárias, tal como prevêem
as teorias do "fim das ideologias" e sobre o "desalinhamento
partidário", não atinja ainda a "nova Europa do
Sul". Aliás, a expectativa é de que as diferenças
entre jovens e velhas democracias (quanto aos níveis de identificação
ideológica e partidária) se esbatam no período em
análise, fruto de um incremento de tais identidades nos novos regimes.
Apresentação dos resultados do inquérito
de opinião sobre "Expectativas dos angolanos em relação
às próximas eleições
Cesaltina Abreu - Instituto de Pesquisa Económica
tinaabreu@hotmail.com; cesaltina@iuperj.br
Como preparação para o programa de
apoio aos Partidos Políticos, Parlamento e outros Actores Sociais
angolanos, em áreas como Educação Cívica e
Reforço Institucional, entre outras, o Instituto Republicano Internacional
(IRI) em Angola, contratou o Instituto de Pesquisa Econômica e Social
(A-IP) para realização de uma consulta pública, que
teve lugar entre Abril e Junho de 2003.
A primeira pesquisa sobre eleições
gerais em Angola, cobriu os seguintes temas:
- Perfil do eleitor angolano
- Nível de participação política
- Expectativas e percepções relativamente às eleições
e mobilidade política
- Percepção sobre actores políticos e confiança
nas instituições
- Determinantes das tendências de voto
- Os mídia e as eleições
- Temas que podem configurar as campanhas políticas
- Gênero e participação política.
A pesquisa abrangeu 7 das 18 províncias
angolanas, 27 municípios (13 urbanos e 14 rurais), correspondendo
a 85% da população. Foram previstos 4 155 inquéritos
e realizados 4 300.
Uma das conclusões gerais do estudo, é
que Luanda constitui um mundo sociológico-político distinto
das Outras Províncias angolanas, com maior propensidade para mudanças
políticas, comparativamente às outras. A diferença
fundamental entre os dois grupos de respondentes, reside no nível
de percepção de algumas questões chave da actualidade
angolana, embora estruturalmente, os problemas de desenvolvimento sejam
idênticos nos dois.
Outra conclusão geral é que, nas
próximas eleições, os comportamentos de partidos
e candidatos terão papel mais decisivo do que as ideias e os programas
dos mesmos, implicando estratégias políticas específicas
para responder às diferentes necessidades dos diversos clientes
políticos.
São Tomé e Príncipe - 1ª. República(1975-1991)
- apontamentos sobre a formação e a construção
do Estado -
Lúcio Neto Amado
Formação e construção do Estado
A - Período colonial à independência
A história da formação do Estado no arquipélago
de São Tomé e Príncipe confunde-se com a história
da sua própria colonização. Portugal como potência
administrativa implantou nas ilhas, desde finais do século XV o
sistema de poder vigente nas Cortes portuguesas, passando depois para
o sistema republicano que culminou no século XX altura em que o
país ascendeu à independência. Dada estas circunstâncias,
a abordagem foi direccionada a partir do princípio do referido
século que marcou profundamente a mudança política
no arquipélago.
B - Período pós-colonial
A construção do Estado pós-colonial em São
Tomé e Príncipe assentou no "modelo" de Estado
socialista, semelhante à Europa oriental, provavelmente, porque
o líder do Movimento de Libertação de São
Tomé e Príncipe (MLSTP) chamado para o Movimento em 1972,
para além de ter estudado e residido durante anos na ex-República
Democrática Alemã, ser também um grande admirador
desse país, daí a designação que se mantém
ainda hoje: República Democrática de São Tomé
e Príncipe (RDSTP).
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