A relação universidade e sociedade: a "problematização"
nos projetos articulados de ensino, pesquisa e extensão. O debate sobre as funções básicas
da universidade brasileira ganha um novo patamar com o Decreto No 2.306
de 1997, Art. 8o que alterou o paradigma de ensino superior antes centrado
na universidade pública dedicada a o ensino, a pesquisa e a extensão.
A nova legislação facilita as atividades de ensino dissociadas
da pesquisa e a extensão abrindo espaço jurídico
para que outras instituições, faculdades e centros universitários,
na sua maioria privados, se tornem o modelo predominante com 75% da matrícula.
Tal política pretende superar o pesado déficit acumulado
do baixo índice de escolaridade superior, inferior aos países
industrializados e ainda mais gritante no quadro dos países da
América Latina, onde o Brasil ocupa o penúltimo lugar superando
apenas a Nicarágua. Esse forma facilitada e empobrecida de formação
profissional inclui outras medidas nefastas como o PRONEX (Programa de
Apoio a Núcleos de Excelência), a GED e GID (Gratificações
de estímulo ou Incentivo a docência), o PNG (Programa Nacional
da Graduação e as Diretrizes para o Ensino) e a Lei de Inovação
Tecnológica, estabelecidas para desmontar o princípio da
indissociabilidade entre ensino pesquisa, ensino e extensão.
Sob predomínio da economia neoclássica
e da ideologia neoliberal, o desenvolvimento é um processo evolutivo
linear: o caminho até os estágios mais avançados
vincula-se ao cumprimento de etapas, referidas ao modelo capitalista industrial
de reprodução. Um de seus principais determinantes é
a produção científica e tecnológica. Entretanto,
as políticas empreendidas sob esta orientação não
se mostraram capazes de resolver o problema da fome, da miséria,
do analfabetismo, da violência, da degradação moral,
do esgotamento das fontes de energia e dos recursos naturais. Assim também,
a crescente produção científica e tecnológica
nos países periféricos, concentrada nas universidades, não
se revelou capaz de fomentar transformações sociais que
contribuam para reverter seu caráter de subdesenvolvimento e dependência.
Nos últimos anos, algumas universidades brasileiras assumiram,
em diferentes áreas do conhecimento, o compromisso da redução
das desigualdades, da inclusão social e do desenvolvimento regional
e nacional.
O presente trabalho analisa e discute a experiência do Programa Ações Afirmativas na UFMG. Trata-se de um programa de extensão e pesquisa universitária, que atende a jovens universitários(as) negros, sobretudo os de baixa-renda, regularmente matriculados em qualquer curso de graduação da Universidade Federal de Minas Gerais - Brasil, iniciado no ano de 2002. Tal programa apresenta uma proposta concreta de superação da desigualdade social e racial no ensino superior, uma vez que as pesquisas e estatísticas oficiais do Brasil atestam que, no conjunto de uma população composta por 45% de negros, somente 2% destes conseguem ter acesso ao ensino superior. Além disso, os jovens negros que conseguem entrar na universidade encontram limitações de permanência e apresentam trajetórias acadêmicas acidentadas. A partir dos anos 90, com as denúncias do Movimento Negro e as lutas pela democratização da universidade, no Brasil, e com a realização da 3a Conferência Mundial contra o Racismo, em Durban, África do Sul, no ano de 2001, essa discussão tomou maiores proporções no campo dos movimentos sociais e na formulação de políticas públicas e de pesquisas. Em várias universidades públicas estão sendo implementadas experiências relevantes de ações afirmativas que estão a exigir estudos e pesquisas para a concretização de uma universidade democrática que inclua e respeite a diversidade étnico/racial. Neste contexto situa-se a proposta que coordeno, o Programa Ações Afirmativas na UFMG, da qual participam 13 professores(as) da Faculdade de Educação, Faculdade de Letras, Escola de Ciência da Informação e Escola de Ensino Fundamental do Centro Pedagógico da UFMG e em torno de 70 alunos das áreas de educação, letras, história, ciências sociais, ciências exatas, artes cênicas e ciências biológicas. No Brasil, as políticas de ação afirmativa convivem com uma realidade social e cultural muito diferente de outros países onde tal iniciativa já foi implementada, a saber, a existência de um racismo ambíguo e a crença no mito da democracia racial. Este é o contexto no qual se localiza a experiência do Programa Ações Afirmativas na UFMG. As atividades de pesquisa, extensão, monitoria, cursos, debates e acompanhamento da trajetória acadêmica dos alunos(a) envolvidos neste Programa levam em consideração a especificidade das relações étnico/raciais no Brasil. A construção de uma identidade negra positiva tem sido um dos maiores desafios do Programa e, nesse sentido, essa experiência pode ser considerada como integrante do movimento de resistência negra na diáspora africana.
O trabalho tem como premissa a influência de políticas públicas sobre a constituição de grupos de pesquisa (GP) no Brasil, com desdobramentos nos relacionamentos acadêmicos e administrativos da universidade. Três são os objetivos: 1) sinalizar para a expansão dos GP; 2) identificar mediações da ampliação de um grupo para uma rede de pesquisa interinstitucional; e 3) problematizar grupos e redes de pesquisa e os relacionamento que deles se desdobram, sob o prisma da internacionalização. Para o desenvolvimento do trabalho são analisados documentos de Políticas dos setores de Educação e C & T, da Rede GEU (Grupo de Estudos sobre Universidade) que congrega grupos interinstitucionais e estatísticas do Diretório de Grupos de Pesquisa/DGP/CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). As análises de séries hitóricas das versões do DGP são apoiadas em Bourdieu (1986), Boutinet (1993) e Hargreaves (1999). Além disso são identificadas mediações intra e inter institucionais no relacionamento acadêmico e administrativa que favoreceram a expansão de GPs. O trabalho conclui que o crescimento de grupos se forjou na expansão do ensino superior, nos movimentos da comunidade científica e no entorno de internacionalização do conhecimento. Desenvolvimento de um site para pessoas cegas e com baixa visão:
uma alternativa de educação inclusiva na universidade A Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC, através do
Centro de Educação a Distância - CEAD, em parceria
com a Associação Catarinense para Integração
do Cego - ACIC, em favor da luta pelo direito à educação
das pessoas cegas e com baixa visão, oferece para essas pessoas,
desde o ano de 2002, o Curso de Graduação em Pedagogia a
Distância na modalidade a Distância - Habilitação
Séries Iniciais e Educação Infantil. A UDESC, através
desse curso, tem como objetivo e meta uma prática de transformação
social ao realizar ações que visam a superar a situação
de exclusão dessa população, procurando viabilizar
o pleno exercício da cidadania, reafirmando o compromisso na construção
de uma Universidade voltada para a integração com a sociedade.
Atualmente, existe uma turma, composta por vinte alunos, sendo treze cegos,
cinco com baixa visão e dois com visão normal que trabalham
com cegos. Além destes, há alunos matriculados nas outras
turmas do Curso de Pedagogia oferecido por este Centro nas diferentes
cidades do Brasil. Também, no corpo docente, há uma professora-tutora
cega. Com o propósito de oferecer um curso com qualidade, são
usadas tecnologias de informação e comunicação,
ocasionando novas formas de ensinar e aprender, tornando o aprendizado
mais significativo. Utilizam-se, assim, materiais didático-pedagógicos
(impressos em Braille, ampliados e gravados em fita cassete e em CD),
filmes de cinema e vídeos pedagógicos com tradução
e descrição simultânea, computadores com sintetizador
de voz ou ampliador de tela, ambiente virtual de aprendizagem, entre outros.
Como em outros cursos de graduação, é fundamental
o acesso facilitado ao material utilizado nas disciplinas, aos materiais
complementares (como livros e artigos indicados pelos professores), bem
como a facilidade na comunicação entre os professores e
os alunos e entre os próprios alunos, considerando que se trata
de um curso a distância. Constatou-se, no decorrer do Curso de Pedagogia
a Distância, que algumas dificuldades de acesso foram surgindo,
como, por exemplo, encontrar materiais científicos em Braille e
ampliados, bem como navegar em sites na Internet, devido à inadequação
dos mesmos aos softwares de leitura e ampliação de tela.
Diante disso, iniciou-se este projeto de pesquisa com o intuito de responder
a esta problemática, através do estudo e desenvolvimento
de um site dentro das normas de acessibilidade a pessoas cegas e com baixa
visão, com o objetivo de auxiliar na inclusão dessas pessoas
neste Curso. Neste site são disponibilizados materiais pedagógicos,
literários e científicos, fóruns de discussão,
informações sobre legislação e sobre Braille,
dicas de informática, notícias, eventos, entre outros, todos
em mídia adequada para as pessoas cegas e com baixa visão.
A pesquisa está sendo desenvolvida em três etapas, que ocorrem
simultaneamente: na primeira, o levantamento de materiais bibliográficos
e sites sobre acessibilidade a pessoas cegas e com baixa visão;
na segunda, a construção do site; e, na terceira, a avaliação
e reformulação de acordo com as sugestões dos alunos
e tutores. Atualmente, foi criado e está disponível um protótipo
para ser testado pelos alunos para finalização. Durante
a pesquisa, os alunos e os professores-tutores estão envolvidos
na construção e adaptação do site para suas
necessidades específicas, tanto no que diz respeito à navegabilidade,
quanto à inclusão de tópicos e materiais pedagógicos
específicos. |
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