Os Akan-Agni Morofoé
da Costa do Marfim (África do Oeste) frente à emergência
e à disseminação do HIV/AIDS
Este trabalho apresenta o projeto de intervenção desenvolvido
através de Oficinas de Prevenção de Doenças
Sexualmente Transmissíveis (DST's) / Síndrome da Imunodeficiência
Adquirida (AIDS) e Saúde Reprodutiva, cujo objetivo é viabilizar
a formação de multiplicadores informais entre adolescentes
de baixa renda bem como potencializar e qualificar a adoção
de medidas preventivas. Algumas reflexões sobre casais sorodiscordantes para o
HIV Essa reflexão se trava no interior de um trabalho mais amplo sobre
conjugalidade e HIV/AIDS, no qual pretendo analisar a dinâmica conjugal
de pessoas inseridas em relacionamentos marcados pela presença
do HIV/AIDS. Para os limites dessa apresentação, pretendo
discutir questões concernentes à identidade de gênero
e ativismo de um grupo demarcado social e temporalmente no espaço.
Trata-se de uma reflexão sociológica sobre casais sorodiscordantes
freqüentadores de uma organização não governamental
de luta contra a AIDS. Se por um lado, inserção desses casais
numa atividade/serviço disponibilizada por uma ONG pode enviesar
ou obscurecer um olhar mais generalista sobre os casais, por outro lado,
possibilita acentuar o entendimento de códigos e valores de atores
participantes de uma "nova" configuração da epidemia
brasileira de HIV/AIDS. São mulheres e homens com orientação
definida majoritariamente como heterossexual, de baixa escolaridade e
renda. O trabalho põe em confronto a identidade "clássica"
dos fundadores/freqüentadores de ONGs/AIDS, homens homossexuais (intitulados
e que se auto-intitulam como "homens que fazem sexo com homens"),
e tradicionalmente auto-classificados como ativistas, ao reunir pessoas
de orientação heterossexual, com uma prática política
restrita e marcadamente não ativista. É discutida a modelagem
dada ao imaginário social sobre sexualidade e conjugalidade a partir
de valores mais gerais, como sexo, saúde, morte e doença.
O trabalho também chama atenção para um "domínio
da oralidade/reflexividade", adquirido por esses casais, que difere
da escolarização, ou da internalização de
regras sociais aprendidas no contexto familiar. Esse dispositivo é
acionado, em algum momento da sua vida, pelo sistema de saúde ou
outros serviços, alternativos, em decorrência do diagnóstico
de HIV/AIDS. Essa nova "entrada" acaba interferindo no plano
cultural, pela inculcação/aprendizado de valores distantes
de seu imaginário cultural de origem (tal como o conhecimento de
outras expressões de orientação sexual; um alargamento
nas concepções de gênero; uma prática política
mais reivindicatória/ativista etc.). Mulheres soropostivas e relações afectivo-sexuais
entres a confiança e o descuido O presente trabalho teve como foco investigativo apreender as concepções das mulheres soropositivas acerca da sexualidade e de suas relações afetivo-sexuais. Os objetivos propostos eram investigar se essas concepções influenciaram na adoção de práticas sexuais de risco; detectar se a contaminação feminina pelo vírus HIV era decorrente do descuido com a saúde reprodutiva ou se era causada por uma confiança ilimitada no companheiro. A AIDS "síndrome da imuno-deficiência adquirida" é uma doença sexualmente transmissível, que começou a ser identificada no princípio da década de 80 e que completou mais de 20 anos de existência cientificamente comprovada no planeta Terra. No Brasil, os primeiros casos de contaminação feminina pelo vírus HIV/AIDS ocorreram no Estado de São Paulo em 1983, inicialmente em mulheres que eram profissionais do sexo. A AIDS se expandiu e contaminou vários grupos de pessoas de ambos os sexos (crianças, jovens adultos), e de várias classes sociais, não se limitando como se acreditava aos ditos grupos de risco: homossexuais, profissionais do sexo e usuários de drogas. No caso das mulheres soropositivas, a fidelidade feminina deixou de ser barreira para a entrada das DST's/ AIDS em seus lares, e a idealização do lar como "lugar sagrado" começou a ser questionado e a se decompor. A maioria dos maridos e companheiros dessas mulheres detinham práticas sexuais consideradas "desviantes" e de alto risco que levou-as a contaminação. Sendo assim, a confiança ilimitada no companheiro, a passividade feminina em relação à prevenção e o desconhecimento da doença tem aumentado o risco de contaminações e tem influenciado as relações afetivo-sexuais que anteriormente, eram concebidas como atividades prazerosas e após a contaminação, são idealizadas e negligenciadas como algo pecaminoso, errado e que traz em si o sentimento de culpa e o medo de transmitir essa doença a outras pessoas. Com a contaminação pelo vírus HIV/AIDS, as relações afetivo- sexuais sofreram algumas modificações, devendo-se a concepção negativa que incorpora uma moralidade e uma culpa relativa ao conhecimento e aos cuidados com o corpo feminino implementados dentro de relações sociais de gênero. |
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