Representações
Estudantis do Processo de Avaliação das Instituições
de Ensino Superior Inserida num Projecto de Investigação da Secção Autónoma das Ciências Sociais, Jurídicas e Políticas da Universidade de Aveiro - "Avaliação, Auto-análise Institucional e Gestão das Instituições de Ensino Superior" - onde se aborda a problemática do impacto da Avaliação Institucional no Governo e Gestão das Instituições de Ensino Superior (IES), a autora pretende apresentar as principais linhas orientadoras do seu Projecto de Doutoramento em Ciências Sociais, que tem como assunto predominante o modo como os estudantes do Ensino Superior constroem representações sobre o processo de Avaliação das IES e os contextos multivariados de factores que os condicionam nessa mesma construção.
A Universidade, na perspectiva de fazer rupturas com a racionalidade
técnica, têm sido objeto de inovações que almejam
uma nova configuração de saberes, ultrapassando a perspectiva
dicotômica da modernidade. Ainda que as experiências nesse
sentido nem sempre sejam majoritárias, o estudo da genealogia das
mesmas tem sido um objeto recorrente de pesquisas que, nessa condição,
procuram contribuir para a mudança paradigmática. Nesse
contexto, a investigação "Pedagogia Universitária:
possibilidade de ruptura em tempos neoliberais", através de
estudo de casos, vem estudando, no âmbito de uma universidade brasileira,
a reconfiguração de saberes relacionados com o ensinar e
o aprender. Selecionamos, para análise nessa comunicação,
experiências que, saindo do território formal da academia,
encontram, no contato direto com a população, a possibilidade
de articulação entre saberes científicos e saberes
populares, lançando mão de novas racionalidades que atingem,
especialmente, as relações entre teoria-prática.
Essas experiências parecem fundamentais, especialmente no contexto
das políticas públicas de avaliação institucional
que, no Brasil, vêm estabelecendo ethos regulatórios que
privilegiam a lógica da produtividade, sem valorizar a diferença
e sua condição emancipatória. A ampliação da participação democrática
na Educação: uma reflexão acerca dos Conselhos Escolares A Constituição Brasileira de 1988 inaugura uma nova institucionalidade que objetiva romper com os padrão tecnocrático/centralizador que norteou as políticas públicas em períodos anteriores. Propostas da descentralização das políticas sociais e de ampliação da participação popular no processo decisório passaram a ser colocadas em prática através de legislação específica de cada área. A área de educação foi uma das que mais rapidamente viu a implementação das novas diretrizes: o nível de ensino fundamental passou a ser de responsabilidade quase que exclusiva do poder municipal Além de problematizar as vantagens e desvantagens do novo modelo,
o presente trabalho aborda principalmente o formato que adquiriu no nível
municipal a ampliação da participação da sociedade
através do surgimento dos conselhos escolares. Tais conselhos,
ao lado de outros obrigatórios por lei Federal como é o
caso do Conselho da Merenda Escolar e do FUNDEF, compõem o novo
quadro. Esses conselhos têm inspiração, além
da Constituição Federal e na Lei de Diretrizes e Base da
Educação (LDB/1996) mas são formatados por leis municipais
e a composição é paritária respeitando sempre
50% da proporcionalidade ao segmento dos pais e mães de alunos.
Este texto apresenta algumas reflexões suscitadas durante a execução
de projeto de pesquisa desenvolvido no ano de 2002 na UNESA/Jacarepaguá,
com apoio de bolsa PIBIC do CNPq, em projeto de pesquisa integrada sob
a coordenação da Profª. Drª. Clarice Nunes. A
pesquisa consistia em articular um grupo de estudos em torno da história
da educação no bairro, para auxiliar no desenvolvimento
de projetos de monografia. A universidade em questão, apesar de
privada, tem como clientela do curso de Pedagogia alunos provenientes
das camadas populares. Via de regra, os alunos apresentam grande dificuldade
em acompanhar as exigências acadêmicas, principalmente da
pesquisa e da monografia. Este projeto foi realizado com alunas da faixa
etária de dezoito a cinqüenta e quatro anos; havia desde jovens
recém saídas do nível médio até professoras
aposentadas com riquíssima experiência de magistério.
O corte sócio-econômico apresentava espectro também
bastante hetrogêneo, visto que havia merendeira, atendente de telemarketing,
dona-de-casa, religiosa, balconista, dona de loja, faxineira. No processo
de discussão da pesquisa, o grupo acabou por refletir sobre sua
própria memória e identidade, além de discutir a
proposta da elaboração de uma história da educação
para Jacarepaguá. O presente trabalho trata da discussão
teórico-metodológica, a partir da articulação
dos eixos memória, identidade e pesquisa, que concentrou as atenções
do grupo na etapa de levantamento bibliográfico e elaboração
do quadro teórico e conceitual. O diálogo travou-se principalmente
com André (1995; 1997), Benjamin (1980; 1985), Burke (1992), Canclini
(1995), Canen (1997), Gagnebin (1982), Habermas (1980), Hall (1998), Le
Goff (1984), Mazzi (1992), Thompson (1992) e Young (1989). Iniciamos abordando
as dificuldades encontradas pelos alunos de graduação em
Pedagogia ao elaborarem e desenvolverem uma monografia como trabalho de
conclusão de curso. Discutimos a importância da pesquisa
na formação do professor. Entendemos que se trata da elaboração
de uma nova proposta identitária para este profissional, visto
que se visa forjar, no professor, o pesquisador. Acreditamos que trabalhar
com os conceitos de memória e razão comunicativa contribuem
decisivamente para este processo. Buscou-se compreender a modificação,
no espaço escolar, da memória como memorização
vazia de significado para a memória como geradora de uma história
contra-hegemônica. O trabalho com memórias passa a constituir-se,
do ponto de vista epistemológico, como um paradigma interativo.
Procuramos recuperar a memória como dimensão de uma relação
intersubjetiva que estabelecemos com as gerações passadas,
não importa o quão distantes estejam do ponto de vista cronológico.
O resgate da memória e da competência comunicativa passaria
pela construção de uma capacidade cognitiva e afetiva intersubjetiva,
reestruturadora, capaz de devolver ao ser humano uma noção
de totalidade que vem sendo solapada pela colonização do
mundo da vida pelos sistemas burocráticos geridos pela razão
estratégica. Por fim, alertamos para a necessidade de se estabelecer
uma perspectiva epistemológica para sustentar a discussão
e evitar o novo modismo relacionado à memória que começa
a penetrar no ambiente escolar, com iniciativas voltadas para a construção
de árvores genealógicas, diários, histórias
de vida, muitas vezes sem atentar para o fato de que muitas vezes as memórias
dos alunos provenientes das camadas populares trazem atrás de si
histórias de humilhações e desenraizamentos que preferem
ocultar.
O processo de mundialização em curso, se propiciou a expansão
das fronteiras do conhecimento, apresentou um lado perverso que foi a
homogeneização do homem e aquilo que Hans Jonas chamou de
vazio ético, expresso no predomínio do mercado que rompe
com os laços de solidariedade e faz aumentar vertiginosamente a
violência nas suas mais diversas facetas, simbólica, psíquica,
física e nos mais diversos âmbitos que vão do privado
ao público. |
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