"Veja só o que
eu fui capaz de fazer! Não está lindo!?" - a emancipação
através de um curso de formação de adultos. A exclamação que serve de título à proposta
de comunicação foi dita por Lília, mulher de 28 anos,
casada, mãe de dois filhos, (auto)excluída da escola aos
12 anos de idade, desempregada de uma fábrica onde trabalhava oito
horas diárias em que mecanicamente dobrava turcos para serem enviados
para exportação. Arte-educação para jovens de periferias urbanas
como estratégia de enfrentamento da criminalidade. No âmbito da sociedade brasileira, tem sido cada vez mais preocupantes
os índices crescentes de criminalidade envolvendo jovens, e isto
vem acontecendo não apenas nos grandes centros urbanos, mas também
em cidades de médio porte, como Marília-SP, cuja estimativa
populacional aproxima-se de 200 mil. Estudiosos no assunto têm historicamente
enfatizado que fatores como pobreza, má distribuição
de renda, desemprego, aumento do narcotráfico, escola ineficiente,
falta de políticas públicas preventivas direcionadas ao
segmento infanto-juvenil da população são ingredientes
importantes no aumento da violência, embora reconheçam que
nenhum deles sozinho faça crescer a massa de participação
do jovem na criminalidade.
No contexto em que se discute e avalia a eficácia do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária - PRONERA na promoção do desenvolvimento rural sustentável e no fortalecimento dos assentamentos rurais brasileiros, apresentamos dados de um estudo realizado no estado do Rio Grande do Sul cujo principal objetivo foi avaliar os resultados educacionais e sociais de cursos de educação profissional de nível médio e superior financiados pelo PRONERA, em execução em escola mantida pelo Instituto Técnico de Capacitação e Pesquisa da Reforma Agrária - ITERRA-RS, fundado em 1995 pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST com a finalidade de articular educação e formação de consciência política. Cabe destacar tal iniciativa se inscreve no esforço nacional do MST e Governo Federal em defesa da formulação de políticas públicas para uma educação do campo que, não só garanta a formação básica de trabalhadores rurais, mas, também, sua formação de nível superior. A investigação incluiu estudo de campo combinando procedimentos de pesquisa quantitativa e qualitativa. Foram utilizados instrumentos de pesquisa empírica, tais como questionários e entrevistas. A pesquisa empírica desenvolveu-se, durante o mês de fevereiro de 2004, a partir de estudo amostral que envolveu a participação de 30 educandos do Curso de Normal, nível médio; 30 educandos do Curso Técnico em Administração de Cooperativas - TAC; e, ainda, 30 educandos do Curso Superior de Pedagogia da Terra. Foram realizadas entrevistas com representante do Órgão financiador, Administrador do ITERRA, Coordenadora Pedagógica e Diretora do Instituto, um educador e um educando de cada Curso. Foi possível verificar que 100% dos educandos pretendem continuar seus estudos. No geral, evidencia-se um grau significativo de satisfação com os conhecimentos adquiridos nos cursos. Questionados sobre os benefícios individuais e coletivos advindos da formação os entrevistados afirmam que acreditam que todo indivíduo "deve ser trabalhado" e que isso se faz com a educação, com a formação. Destacam que há "ganhos" individuais quanto à ética, valores e princípios e quanto à percepção da própria cidadania. Referem que a contribuição coletiva se dá quanto à postura e a consciência de por em circulação e partilhar o que for apreendido para os que ficaram no assentamento, trocando e aprendendo junto com os assentados. Sobre sua percepção se houve mudança na participação da vida cotidiana no assentamento, após concluir o curso, os entrevistados afirmaram não haver dúvidas quanto a isso, pois essa mudança é decorrência natural de sua maior capacidade de compreender os processos que caracterizam o assentamento. Considera-se que a pesquisa contribuiu, sem dúvida, para que se afirme que os esforços do ITERRA são de fundamental importância na luta do movimento por uma educação do campo, na qual se inscreve o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária, cuja finalidade maior é contribuir para que as comunidades rurais brasileiras sejam legitimamente reconhecidas na sua capacidade, não só de promover o desenvolvimento sustentável no campo, mas, principalmente, somar esforços indispensáveis ao desenvolvimento social, político, educacional, cultural e econômico do País. Os Cursos financiados pelo Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária contribuem sobremaneira para o desenvolvimento rural sustentável e para o fortalecimento dos assentamentos rurais em âmbito nacional. Considera-se que essa contribuição se dá tanto no sentido de oferecer uma formação de excelente qualidade, no que tange aos objetivos, estrutura curricular e processos de ensino e avaliação, previstos nos Planos de cada Curso, quanto no sentido de propor projetos de educação profissional indispensáveis à formação de recursos humanos para atuar junto às comunidades rurais. A educação como proteção integral
para crianças e adolescentes hospitalizados Durante muitos anos no Brasil, crianças e adolescentes que eram hospitalizados, apresentavam problemas em dar continuidade a seus processos de escolarização. A partir da década de 50, começaram a surgir as primeiras experiências educativas dentro dos hospitais para que os pacientes mirins pudessem continuar estudando. Todavia, a presença do Estado ainda ocorria de maneira insuficiente e os projetos ocorriam de forma voluntária. Em 1994, a Política de Educação Especial proposta pelo Ministério da Educação e Cultura, reconheceu as Classes Hospitalares como direito das crianças e adolescentes hospitalizados. Entretanto, ainda são poucas as instituições hospitalares que adotam este tipo de atendimento. Na sociedade brasileira, as escolas nos hospitais representam espaços de socialização, auxílio no tratamento, produção de conhecimentos, valorização da auto estima dos pacientes, bem como possibilitam o conhecimento da realidade desses alunos hospitalizados que, em sua maioria, vivem um quadro de miséria social, são excluídos do sistema de ensino por apresentarem patologias que as escolas de origem não sabem como trabalhar e muitos são vítimas de acidentes, por realizarem trabalho infantil. Os movimentos de humanização nos hospitais brasileiros têm se expandido lentamente e embora os paradigmas atuais sejam de proteção integral às crianças e adolescentes, o Estado pouco valoriza as escolas nos hospitais como espaço de cidadania e equidade social.
Discutir, dinamizar e divulgar propostas inovadoras de formação
profissional no campo da Sociologia, levadas a cabo pelas diferentes Universidades
luso-afro-brasileiras, como forma de conhecer as estratégias de
formação profissional e o perfil profissional proposto por
estas Instituições de ensino. Instituições Militares de ensino no Brasil Este estudo foi desenvolvido no Centro de Estudos de Pessoal (CEP), um
estabelecimento de ensino militar situada na zona sul da cidade do Rio
de Janeiro. As pesquisas educacionais já realizadas e em andamento
no país, voltadas para o papel na sociedade, consideram, em sua
quase totalidade, as instituições civis de ensino.A pouca
permeabilidade das instituições militares de ensino não
contribui para os estudos nesta área do conhecimento, fato que
dificulta a compreensão da conduta dos funcionários fardados,
haja vista os vários momentos em que os militares saíram
dos quartéis para se envolverem em problemas de ordem política,
conferindo às Forças Armadas um papel intervencionista por
tradição. Neste sentido, o objetivo desse trabalho é
analisar a formação pedagógica do militar que coordena
o ensino nas escolas do Exército. Essa analise constitui um diálogo
permanente entre a abordagem teórico-metodológica sobre
a memória e a experiência de investigação,
que tem como estudo o Curso de Técnica de Ensino (CTE), desenvolvido
no CEP. As análises foram realizadas numa perspectiva crítico-social,
utilizando-se referenciais de: FOUCAULT, FENTRESS, LE GOFF, HALBWACHS.
A metodologia utilizada consta de uma pesquisa qualitativa, baseada em
levantamento bibliográfico e documental, envolvendo o estudo do
cotidiano das práticas educativa no CEP. A decisão de iniciar
um trabalho em Memória Social nos limites de circunscrição
do Exército Brasileiro decorre da impossibilidade de se discutir
criticamente as Forças Armadas e o papel social da educação
militar fora do marco de uma concepção, igualmente crítica,
das relações que se estabelecem entre as instituições
militares e a estrutura da sociedade na qual se insere a prática
educativa militar A pesquisa realizada permite apontar algumas características
da memória no processo educacional do Exército. As avaliações
classificatórias e o distanciamento entre professor/instrutor e
o aluno, características pertencentes à visão tecnicista,
revelam na memória do ensino militar as limitações
do seu processo ensino aprendizagem. A própria condição
de chefe militar, personificada na figura do instrutor, é uma especificidade
da educação militar que deve ser considerada, pois, a existência
de alunos subordinados revelam professores com posição de
chefes e não de educadores, conduzindo à subordinação
emocional e intelectual que criam comunidades imobilistas que não
criam ou reestruturam os fatos. Desta forma CTE desenvolveu-se em torno
de alguns eixos tais como: o controle do processo educacional (grade curricular)
em todas as suas dimensões; conservação do poder
através de avaliações escolares rígidas e
diretamente atreladas a carreira do militar e finalmente a concepção
de pesquisa vinculada à acumulação de capital. Neste
sentido, o presente estudo insere a complexa reflexão em torno
da relação memória e educação, em especial
na educação militar no Brasil, estabelecendo uma interlocução,
tanto conceitual como conjuntural, com as diferentes nuances que configuram
tal reflexão nos cenários brasileiro e internacional. |
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