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Vencer o Medo – Ideias para Portugal Manuel Carvalho da Silva |
«Necessitamos de pequenas sérias reformas,
que no contexto atual podem significar importantes ruturas. Precisamos de
grandes ruturas que começam exatamente na recusa dos becos sem saída, na
quebra dos muros! O que não dá saída é continuarmos totalmente prisioneiros
das premências e inevitabilidades do Memorando. Devíamos estar ocupados na
análise do que nas últimas décadas fez e não fez o nosso capitalismo, sobre o
que devia ter feito e sobre o que lhe devemos exigir com justiça, numa
perspetiva reformista, enquanto procuramos alternativas a este sistema
injusto. Se a realidade é a pobreza e a opressão, há que romper o fatalismo e
a inevitabilidade, buscando respostas emancipatórias, com criatividade e
irreverência, introduzindo intensidade e dimensões à democracia. As
alternativas hão de ser construídas com ideias novas, com pessoas
inconformadas participando e exercendo cidadania, com jovens irreverentes,
determinados e preparados e com a força organizada do movimento sindical e de
movimentos sociais diversos, que não se submetam e que lutem pela
transformação da sociedade, com forças políticas ativas que recusem a
“inevitabilidade” e o empobrecimento como solução. […] Não é admissível que se
assista ao sofrimento dos trabalhadores e do povo pensando e agindo com
tacticismos políticos. Há que definir objetivos, prioridades e formas de
intervenção, e trabalhar convergências. Estamos numa situação de exceção, de
grande exigência de ação cívica e política, de posturas humildes mas
determinadas, de mobilização solidária, democrática e progressista para a
construção de denominadores comuns, que sustentem caminhos alternativos de
justiça e de salvaguarda da democracia.»
Manuel Carvalho da Silva