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Oficina de Poesia n.5 Especial: Robert Creeley
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Editorial
.regressa a palavra que
se cria da sede o poema
impossível sonhado na pedra o movimento que incorpora o incêndio na
folha o sopro de um corpo sem rosto os sonhos de uma revista em lenta
rotação como pássaros que ainda resistem como pedras vivas numa OFICINA
de POESIA abrindo o espaço branco a boca incompleta do soluço sem
pessimismo nem exageros no optimismo do tronco números e mais números
em veios maduros num ciclo que se renova nem plenitude nem vazio entre
o fogo e a água metáforas que reflectem sonhos outros outras vozes nas
feridas da carne palavras golfos permanentes terra perfurada no dorso
por noites e noites entre vozes número (5) intenso de leituras sob as
margens workshops em escolas de raízes alguns
livros ao vento lembrando o linho vermelho sobre o granito das palavras
sob a língua o puro prazer de respirar no anexo das vozes:
(neste número da revista Oficina de Poesia, mais
uma vez a diversidade é o objectivo do material publicado. Revelam-se,
mais uma vez, novos poetas do curso livre "Oficina de Poesia" e do
curso de "Poética e Escrita Criativa", dirigidos pela Doutora Graça
Capinha, directora da revista. Novas vozes, novas escritas, novas
reflexões, novos sentidos e sonhos, "vozes outras", fomentando a poesia
como uma experiência na criação da humanidade e da comunidade. Nessas
"vozes outras", alguns convidados, como o norte-americano Robert
Creeley (recentemente desaparecido). No dizer da ensaísta
norte-americana Marjorie Perloff, a par de John Ashbery, Creeley foi o
maior poeta da sua geração, um poeta que esteve em Coimbra logo no
Primeiro Encontro Internacional de Poetas, organizado pelo Grupo de
Estudos Anglo-Americanos da Faculdade de Letras, em 1992.
Emiliana Cruz, uma das poetas saídas do curso livre "Oficina de Poesia"
prepara a sua tese de mestrado sobre este grande nome da poesia
mundial, tendo também como projecto em curso a tradução dos Se/ected
Poems, publicados ainda em vida do autor. Neste número
contamos com um curto texto ensaístico e algumas destas traduções
inéditas que Emiliana Cruz teve oportunidade de discutir e trabalhar em
conjunto com Creeley, r:laquele que foi o último Verão na famosa casa
do lago no estado do Maine.
Em tradução minha, trago também o colombiano Harold Alvarado Tenório,
hoje uma das vozes mais singulares e refinadas da poesia contemporânea
Colombiana e, actualmente, director da revista de poesia Arquitrave.
Temos ainda, como nossos convidados, os
portugueses Nuno Miguel Proença e PorfírioAI Brandão, os brasileiros
Álvaro Alves de Faria e Júlia Machado, e, na imagem, Maria. João
Baginha e Filipe Cravo. De regresso, também os poemas de Emiliana Cruz
e de Cristina Néry, que ousa uma re-escrita de Mariana Alcoforado, num
monólogo encomendado para levar à cena.
O lapidar encantatório da pedra ainda o poema inteiro e nu/temperado em
OFICINA de POESIA no aroma do silêncio na utopia seca da palavra na
saliva dos olhos na respiração inicial a poesia tomando posição em
função do acto de abrir fendas mesmo se em pequena escala (Bernstein)
mastigando o enxofre dos buracos os frutos espargindo e sob o muro de
bronze o desejo anfíbio "entre nós e as palavras, os emparedados e
entre nós e as palavras, o nosso dever falar" (Cesariny) sobre o azul
do azul afirmo inteiro no eco entre nós e a poesia, o nosso dever fazer
porque como nos ensina Duncan "só existe o tempo único só existe a
promessa única só existe a página única o resto fica em cinzas"
João Rasteiro