Editorial
Mais um número da Oficina de Poesia que se concretiza.
Certo o tempo e mais preocupados com a imagem - a poesia
concreta nas imagens de Alexandre Mestre -, não descurando
o conteúdo, por vezes tão vasto que se torna difícil
seleccionar o melhor e restringi-lo a pouco mais de uma
centena de páginas.
Começamos pelos convidados. Dois poemas inéditos de Angelo
Manitta, poeta, fundador e presidente da Accademia li
Convivio, e também professor universitário em
Itália. Do Brasil, alguns inéditos de Andityas Soares de
Moura, poeta, ensaísta e professor na Universidade de
Barbacena. Numa outra vertente, Álvaro Alves de Faria
entrevista Hilda Hilst, uma das maiores poetas brasileiras
que "há mais de 30 anos se refugiou num sítio da região de
Campinas, no Interior paulista, e vive cercada de
personagens calados no fundo dos livros" e que, por
infeliz coincidência, já não está entre nós. Álvaro Alves
de Faria é jornalista cultural, poeta, ensaísta,
dramaturgo e ficcionista brasileiro, tendo publicado em
Portugal dois livros de poesia e organizado a antologia Brasil
2000 - Antologia de Poesia Brasileira
Contemporânea (Alma Azul).
Além destes, participam neste número Fernando Aguiar com
poesia visual e concreta; João Maria André, professor de
Filosofia, poeta, actor, encenador e actual director do
Teatro Académico de Gil Vicente; Michael Franco, poeta
norte-americano, que dirigiu durante vários anos o
projecto Ward af Mauth, o qual trouxe a Boston
grandes nomes da poesia contemporânea norte-americana para
leituras públicas; e ainda, Sarah Bridges, João de
Mancelos e Porfirio Al Brandão.
Revelam-se novos poetas do curso de Poética e Escrita
Criativa e da Oficina de Poesia, enquanto se continuam a
mostrar trabalhos outros que, de forma constante ou
intermitente, vêm à sessões de seminário do Curso Livre da
Faculdade de Letras, nas noites de terça-feira, na
Biblioteca do CES, ouvir, participar na reflexão,
desconstruir e reunir, procurando material para a escrita
ou respostas meta poéticas. Escrevem, desenvolvem escritas
que transformam a realidade da palavra em actualização
contínua, mesmo quando esta se afigura estática e vincada
por tradições.
Natália Teles Nunes
|