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III Ciclo Anual
Jovens Cientistas Sociais
2007-2008

Coordenação Científica | Marta Araújo, José Manuel Mendes e Marisa Matias

Entrada livre - Inscrição

16 Abril І Susana Silva -  Faculdade de Letras da Universidade do Porto e Centro de Investigação em Ciências Sociais da Universidade do Minho
Título І "Semear, para mais tarde criar": uma análise dos usos sociais das técnicas de procriação medicamente assistida


Resumo I  A expressão "semear, para mais tarde criar" é usada para promover um dos centros privados de medicina da reprodução em Portugal. A partir da análise dos critérios que justificam o estabelecimento de fronteiras na delimitação dos beneficiários legítimos das técnicas de PMA em Portugal e do perfil adequado das dadoras de óvulos e dos dadores de sémen, nesta comunicação pretende-se mostrar que os médicos e os juristas se afiguram como os árbitros responsáveis pelo escrutínio das "boas" e das "más" sementes, com o principal objectivo declarado de auxiliar a natureza na obtenção de um semear bem sucedido. O recurso a um elemento de cariz naturalista e genético (a semente) reforça a imagem da reprodução humana como um processo essencialmente natural e bio-genético que visa "criar, ou seja, gerar e promover a procriação biológica, mas também educar uma criança, articulando as dimensões biológicas, genéticas, afectivas, sociais e morais no âmbito da reprodução humana. Conclui-se que a recente ênfase colocada no uso de elementos pretensamente biológicos e naturais na governação do paciente apropriado para as técnicas de PMA está associada à moralização da maternidade, à genetização da paternidade e à (re)construção de uma imagem positiva da tecnologia e da medicina, o que pode restringir as possibilidades dos cidadãos questionarem as intervenções médicas e técnicas neste domínio.

Notas biográficas І Susana Silva é Licenciada em Sociologia das Organizações e Mestre em Sociologia pela Universidade do Minho. Está a finalizar o Doutoramento em Sociologia pela FLUP, com o projecto "Médicos, juristas e ‘leigos’: um estudo das representações sociais sobre a reprodução medicamente assistida". Recebeu uma menção honrosa no Prémio Mulher Investigação 2001 – Carolina Michaëlis de Vasconcelos, com a dissertação de mestrado ("As fronteiras das ambivalências: controlo e poder institucionais sobre a prostituição feminina"). É investigadora associada do Instituto de Sociologia, FLUP e membro associado do Centro de Investigação em Ciências Sociais, UM.

ComentadoresІ Tiago Santos Pereira e Susana Costa