Seminário do Núcleo de Estudos de Democracia, Cidadania Multicultural e Participação
Imagens do Brasil além das fronteiras: Gênero e sexualidade na "marca Brasil"

Iara Aparecida Beleli
Cinema, sexualidade e a cena queer contemporânea: filmes proibidos para "menores"
Karla Bessa
13 de Março, 15:00, Sala de Seminários do CES (2º Piso)

Imagens do Brasil além das fronteiras: Gênero e sexualidade na "marca Brasil"
Iara Aparecida Beleli

Resumo:

Este ensaio propõe explorar a circulação das construções de gênero e sexualidade associadas ao Brasil através das fronteiras ou como a  alardeada “natureza sensual e exótica da mulher brasileira”, muitas vezes associada a corpos morenos – adscritos ou adquiridos –  se justapõe à “marca Brasil”. Nesse sentido, pergunto-me em que medida a veiculação destas imagens oferece uma certa particularidade ao território nacional como um lugar que permite vivenciar fantasias, desejos...
O recorte aqui privilegiado é parte de minha tese de doutorado e se centra em peças publicitárias  veiculadas em revistas de entretenimento e em matérias de revistas nacionais e estrangeiras sobre o “Brasil 40 degrees”, promovido por uma loja de departamento inglesa – Selfridges – onde Madame V  (dona de uma marca de lingerie brasileira e suas assessoras - todas brasileiras) oferecia às inglesas um curso de sedução à la Brasil. A análise das imagens e os recursos de linguagem utilizados, em interlocução com a literatura produzida nas ciências sociais, busca apreender como a utilização da sexualidade, que se ancora em motes nacionais, pode sugerir que o Brasil tem uma marca.


Cinema, sexualidade e a cena queer contemporânea: filmes proibidos para "menores"
Karla Bessa

Resumo:

Esta apresentação propõe uma análise de filmes, recursos de mídia (campanhas publicitárias impressas e televisuais utilizadas para divulgação) exibidos e relacionados aos "festivais gays e lésbicos de cinema", em especial os festivais que ocorrem em São Paulo, Lisboa e Nova Iorque. Este material permitirá uma leitura sobre a proposta de difusão de aspectos característicos de sexualidades periféricas, ou seja, desvinculadas da heterossexualidade normativa, a um público mais amplo do que aquele imediatamente vinculado ao “universo” homossexual. Tanto o festival quanto os demais circuitos de sociabilidade mix (e que contemplam a "diversidade sexual", incluindo gays, lésbicas, travestis, transexuais, drag-queens, queers) trouxeram à tona padrões estéticos, audio-visuais, antes restritos aos guetos. Estes festivais, ao tornarem-se grande fenômeno de mídia e audiência, colocaram sérios desafios à comunidade e movimento homossexual, facto que incomodou setores mais conservadores da sociedade brasileira, portuguesa e estadunidense. Todas estas transformações e deslocamentos identitários possibilitam o desenvolvimento de uma análise sobre as práticas políticas e as representações imagéticas que foram mobilizadas para a constituição de novos paradigmas de sociabilidade e de gestão da sexualidade, articuladas aos padrões de consumo das grandes cidades a partir da última década do século XX. Neste sentido, esta pesquisa busca pensar a problemática da sexualidade vinculada à produção de subjetividade e demais categorias constitutivas das políticas de identidade. Propõe deslocar a percepção da sexualidade a partir da relação binária hetero/homossexualidade e repensar os parâmetros nos quais as minorias sexuais estão inseridas na noção de cidadania.

Notas biográficas:

Iara Aparecida Beleli - Possui graduação em historia pela Universidade Estadual de Campinas (1983), mestrado em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1999) e doutorado em Ciências Sociais - área de gênero - pela Universidade Estadual de Campinas (2005). Atualmente é pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas e Editora Executiva dos Cadernos PAGU, revista semestral do Núcleo de Estudos de Gênero - PAGU. Tem experiência na área de História, com ênfase em História Cultural. Temas de interesse: mídia atravessada pela perspectiva de gênero em diálogo com outros marcadores de diferenças (raça, sexualidade, nacionalidade); teoria feminista e de gênero.

Karla Bessa - É professora do Instituto de Historia da Universidade Federal de Uberlandia, e pesquisadora do PAGU-Unicamp. Atualmente desenvolve estagio pós-doutoral junto ao ISCTE- Lisboa. Tem artigos publicados nos Cadernos Pagu e na Revista Estudos Feministas. A sua pesquisa actual desenvolve-se em torno do imaginário político, da sexualidade, e de estudos queer e género.