Coordenação Científica | Marta Araújo, José Manuel Mendes e Marisa Matia |
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14 Maio
| Isabel Estrada Carvalhais - Núcleo de Investigação em Ciência
Política e Relações Internacionais, Universidade do Minho Resume-se a nossa inquietação ao que identificamos como a incompatibilidade entre a tradição de proclamação dos Direitos Humanos como esteio da acção política da Europa e a leitura que ela parece apostada em fazer sobre a sua relação com cidadãos de países terceiros. Leitura para nós bem exemplificada na actual prática legislativa e discursiva da União Europeia (UE) em matéria de gestão dos fluxos migratórios que buscam o espaço comunitário. Ao analisar a lógica europeia subjacente à gestão do fenómeno migratório, o texto centra-se no modo como aquela se revela na operacionalização política de conceitos como imigração ilegal, migração circular e boa vizinhança. Em resumo, o texto procura evidenciar a existência de uma perturbadora e contínua fricção entre duas heranças constitutivas da matriz ideológica da Europa contemporânea: uma herança de ética humanista e cosmopolita, e uma herança de ética burguesa e colonizadora. Em face desta ambivalência matricial e em particular da sombra da segunda herança, a legitimidade da política europeia de gestão de fluxos migratórios e, nesta linha, a legitimidade da própria CE enquanto projecto cultural, social e político de inclusão, são necessariamente legitimidades incompletas. Notas
biográficas | Professora Auxiliar do Departamento de Relações Internacionais e
Administração Pública e investigadora do NICPRI - Núcleo de
Investigação em Ciência Política e Relações Internacionais, da
Universidade do Minho. Comentadores
| Elísio
Estanque e António
Farinhas Rodrigues |
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