Seminário do Núcleo de Estudos sobre Cidadania e Políticas Sociais
A Democracia Dialógica: uma análise das iniciativas de economia solidária no Brasil

Daniela de Oliveira Miranda (Doutoranda no CES)

4 de Março de 2009, 17:00, Sala de Seminários do CES

 
Apresentação
A economia solidária, também conhecida em outros países da América Latina como economia social, se caracteriza por experiências associativas de trabalho e renda sob o enfoque de outra forma de se fazer economia. Atualmente, as experiências autogestionárias representam mais de 21.000 empreendimentos no Brasil.
No entanto, essas formas econômicas não estão relacionadas tão-somente à escassez/necessidade, na medida em que não se reduz ao mercado, mas contempla relações mais comprometidas com o desenvolvimento humano.
O envolvimento de atores sociais nesse contexto constitui-se como um imperativo, uma vez que o agir social dos sujeitos no interior dos empreendimentos bem como na esfera pública representam por si só outra lógica nas relações econômicas e sociais, que se estabelecem para além de uma simples alternativa ao desemprego.
A democracia tem sido alvo de permanente debate teórico, principalmente diante do fato de que a democracia representativa não corresponde à complexidade social contemporânea, uma vez que as organizações partidárias tendem a supervalorizar as estruturas burocráticas, transformando a ação política em questão a ser tratada por “especialistas”, fazendo com que as formas de representação sirvam, via de regra, mais para dominar do que para servir às classes populares.  Assim, o estudo se constitui no sentido de verificar a existência de práticas democráticas dialógicas nos empreendimentos de economia solidária, bem como se essas práticas se estabelecem como condições constitutivas dos empreendimentos.
A questão de fundo tenciona investigar como se dá a participação democrática dos atores, tanto na relação interna da autogestão, como nas suas formas de articulação política e de representação na esfera pública.
Os indícios demonstram que as formas autogestionárias de trabalho parecem fechar as portas da opressão e abrir as da emancipação, no sentido de denunciar as ausências dos sujeitos que não têm sido sujeitos, mas objetos das relações de trabalho.
Diante disso, pretende-se abordar a Economia Solidária no Brasil como processo de reconhecimento de sujeitos na contramão da colonização, estabelecendo conexões com as formas democráticas inerentes à constituição dos empreendimentos, que por si só representam um novo sistema organizacional das relações de trabalho e renda e que têm resistido às imposições que pesam sobre eles.

 
Nota biográfica
Daniela Miranda é graduada em Direito, Mestre em Direito, Doutoranda em Ciências Sociais pela Universidade do vale do Rio dos Sinos – UNISINOS. Professora do Curso de Direito da Universidade de Caxias do Sul – UCS.

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