Conferência
Medindo o progresso e o bem-estar: temas interdisciplinares e novos campos de políticas

Andrea Calori

20 de Fevereiro de 2009, 14:30, Sala Keynes da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra

Organizado conjuntamente pelos Doutoramentos "Democracia no Século XXI", "Pós-Colonialismos e Cidadania Global" e "Governação, Conhecimento, e Inovação"


Apresentação
A modernidade é caracterizada por uma fé nos cursos do progresso que, em algumas fases históricas, assumiu inclusivamente um carácter quase messiânico no que respeita à possibilidade de levar a toda a humanidade formas de bem-estar constantemente aperfeiçoadas.
Esta ideia é baseada na convicção de que o progresso e o desenvolvimento poderiam coincidir, e coincidiram, com o crescimento; entendido como o aumento quantitativo progressivo da riqueza, da população, das aquisições, da tecnologia, dos serviços, etc., e sinteticamente mensurável com o aumento do Produto Interno Bruto (PIB).
Esta perspectiva teve tal difusão que acabou por incidir na totalidade do planeta, alimentando a ideia de que o crescimento poderia ser uma perspectiva praticável também através da redefinição das relações entre o Norte e o Sul através de novas formas de colonização.
Mesmo considerando esta dimensão mundial, ao invés, transportou progressivamente para a discussão – e, depois, em crise – esta coincidência entre progresso, desenvolvimento e crescimento.
De um lado, o conhecimento do equilíbrio delicado dos ecossistemas, demonstrou já há algum tempo como as hipóteses de um crescimento sem limites é incompatível com as limitações dos recursos físicos. Do outro, o aumento da interdependência com culturas diferentes daquelas detentoras de uma matriz moderna e eurocêntrica, fez emergir o reconhecimento de que o bem-estar pode ser gerado por mecanismos separados das dinâmicas de crescimento e que, no entanto, também derive de uma complexidade de factores não reduzíveis apenas ao PIB.
Esta mudança de perspectiva coloca problemas radicais à natureza das políticas públicas, às agendas políticas e inclusivamente às técnicas. Entre estas últimas adquirem uma grande relevância as actividades ligadas às medições das componentes do progresso, do desenvolvimento e do bem-estar: avaliar as relações entre estes componentes significa definir socialmente, interpretar adequadamente as dinâmicas no acto e compilar escolhas que possam também ser diferentes daquelas que conduziram a modernidade. Nesta fase de incerteza global em relação ao futuro do desenvolvimento, este seminário pretende trazer alguns contributos que conjugam actividades de investigação, práticas de redes sociais e processos de mudança de grandes instituições internacionais como a OCDE, a ONU e o Conselho da Europa.


Notas biográficas
Andrea Calori é Professor de Planeamento de Território e Desenvolvimento Local no Politécnico de Milão e tem vindo a trabalhar desde o início da década de 1990 em políticas de desenvolvimento locais e auto-sustentáveis. Neste campo tem desenvolvido em Itália e no estrangeiro aptidões em participação de cidadãos/ãs e em negociações institucionais e desenvolvimento de políticas caracterizadas por abordagens orientadas em princípios de economias de carácter solidário. Nesta temática, trabalhou tanto no terreno como em pesquisas teóricas e metodológicas com redes e actores sociais e económicos bem como com várias instituições a diferentes níveis (autoridades locais, regiões, governos nacionais, OCDE, Comissão Europeia, Conselho da Europa, FAO, etc.).