Seminário
Desigualdades sociais de saúde. O caso italiano

Mauro Serapioni, CES

23 de Fevereiro de 2010, 17:30, Sala de Seminários do CES

No âmbito do Núcleo de Estudos sobre Cidadania e Políticas Sociais



Apresentação

Apesar do aumento geral dos níveis de vida durante o século XX e da introdução de sistemas de saúde universais, muitos estudos têm evidenciado a persistência de desigualdades em todos os países industrializados. Todos os indicadores de saúde, tais como a esperança de vida, a incidência da doença e o estado de saúde auto-percebido, não são distribuídos casualmente entre a população. Existem significativas diferenças entre diversas classes, níveis de educação e tipo de emprego, entre grupos étnicos, entre homens e mulheres e também entre diferentes áreas geográficas. As desigualdades em saúde representam, portanto, um grande desafio. Contrariamente a outros países europeus, em Itália o tema das desigualdades em saúde não tem sido considerado prioritário na agenda das políticas sociais e tão-pouco tem contado com uma consolidada tradição de reflexão e investigação, pelo menos até à primeira metade dos anos 90. Após uma apresentação dos diferentes modelos interpretativos das desigualdades em saúde, será analisada a situação italiana e, em seguida, a desigual distribuição da saúde e da doença entre autóctones e imigrantes. Finalmente, serão introduzidos dois aspectos problemáticos que requerem uma atenção especial tanto por parte dos principais actores do sistema de saúde como por parte da comunidade científica e académica. O primeiro aspecto diz respeito ao papel representado pelo sistema de saúde na geração das desigualdades sociais em saúde e, nesse âmbito, serão identificados os potenciais de iniquidade induzidos pelos processos de reforma em curso, ao nível nacional e regional. Outro aspecto que deve ser considerado refere-se à necessidade de desenvolver um novo modelo de investigação que reconheça a complexidade dos factores que influem no processo que determina a saúde e a doença. Sem dúvida que as narrativas estimuladas pela investigação qualitativa deixariam aflorar aspectos essenciais para a compreensão das desigualdades.

Nota Biográfica

Sociólogo e Especialista em Sociologia da Saúde pela Universidade de Bolonha, Mestre em Gestão de Sistemas Locais de Saúde e Doutor em Sociologia pela Universidade de Barcelona. È investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Foi consultor da UNICEF em 1995; coordenador do Curso de Especialização em Gestão de Sistemas Locais de Saúde na Escola de Saúde Pública do Ceará de 1996 até 2001; professor visitante da Universidade Estadual do Ceará de 2000 até 2006; professor contratado da Universidade de Bolonha no ano 2003; Consultor da OPAS/Ministério da Saúde do Brasil nos anos 2004-2005. Tem publicado capítulos de livros e artigos em revistas brasileiras, italianas e francesas sobre os temas da participação dos cidadãos, desigualdades sociais e saúde, avaliação em saúde, métodos de investigação.



> Imprimir esta página