Seminário
A
Economia e o económico
23 e 24 de Janeiro de 2009, Sala de
Seminários, CES
Apresentação
A Economia atravessa actualmente um período de
profunda transformação. Alguns falam mesmo de um processo de transição
paradigmática. Nos últimos anos, múltiplos e diversos desenvolvimentos,
designadamente ao nível conceptual e teórico-metodológico – não
raramente em resultado da “contaminação” por disciplinas exteriores à
Economia, como as ciências cognitivas e a psicologia experimental ou as
ciências da complexidade – vêm abalando a aparente solidez do velho
paradigma neoclássico, suscitando a discussão em torno dos seus
próprios fundamentos. É o que acontece com o pressuposto da
racionalidade – elemento central na análise dos processos de escolha e
deliberação caros aos economistas neoclássicos – ou com os conceitos de
equilíbrio.
A própria questão da identidade da Economia e das suas relações
interdisciplinares estará em causa. A Economia é hoje uma ciência
caracterizada por uma pluralidade de abordagens e perspectivas teóricas
e metodológicas e não parece claro – não sendo certamente consensual –
o significado da expressão “pensar como um economista”. Uma coisa
parece certa. É preciso voltar a discutir a questão, que Coase (1994)
se colocava, acerca do que é que une entre si um grupo de estudiosos
numa profissão autónoma chamada “Economia” e os distingue de outros
investigadores como sejam os sociólogos, os cientistas políticos, etc.
O que é que distingue afinal a Economia como ciência? O que é o
“económico”? São estas as questões centrais que nos propomos discutir
neste seminário. A definição de uma ciência – a questão de saber o que
incluir e o que excluir da análise, o que é essencial e o que não é – é
muito mais do que um simples desenho de fronteiras: implica uma
concepção sobre a natureza do objecto de estudo. E, como ensinava Sedas
Nunes, envolve a construção desse objecto enquanto “objecto teórico”, o
que pressupõe, desde logo, saber que interrogações nos colocamos, que
problemas pretendemos resolver – qual é afinal o nosso centro de
interesse e que problemática teórica definimos – e, evidentemente, a
construção de uma estrutura conceptual (conceitos e relações entre
conceitos). O recurso a um conjunto de métodos e técnicas adequados à
natureza do objecto de estudo é também parte deste processo de
constituição de uma ciência.
A que questões pretendem os economistas dar resposta? Quais os seus
conceitos-chave? Há uma abordagem especificamente económica dos
fenómenos sociais? O que significa “pensar como um economista”? Existem
métodos e técnicas sem os quais não se pode falar de ciência económica?
O que distingue afinal a Economia das outras ciências sociais que
também se dedicam a analisar a “economia”? Fará sentido pensar uma
Economia Pura, analítica – à Robbins – separada/independente da Ética e
da Política (i.e. dos juízos de valor e da esfera da economia aplicada
[applied policy])? Finalmente, de que modo é que a definição do
“económico” condiciona o ensino da Economia? Que matérias devem ser
imprescindíveis na formação do economista?
Comissão Organizadora:
José Reis, Vítor Neves e José Castro Caldas
Núcleo de Estudos sobre Governação e Instituições da Economia
e Programa de Doutoramento em Governação, Conhecimento e Inovação
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