PTENES
A 2ª Escola de Verão ALICE - Epistemologias do Sul: Boaventura de Sousa Santos em diálogo com ALICE irá decorrer entre 22 e 30 de junho, 2016 na Curia (Portugal). Para informações sobre esta escola clique aqui.

Rotas descoloniais

 

A cidade de Coimbra é amplamente conhecida pela sua relação próxima com a Universidade, que foi marcando espaço urbano ao longo da história. Mas Coimbra não é apenas a Universidade, com o seu património arquitetónico heterogéneo onde se destacam os edifícios do Estado Novo. É também o espaço envolvente do Rio Mondego, o Jardim Botânico, o Portugal dos Pequenitos e uma larga diversidade de bairros periféricos nascidos das lutas dos movimentos sociais e das cooperativas no pós 25 de abril. Estes roteiros têm como objetivo promover uma compreensão dos espaços que desempenharam um papel na formação das elites que dominaram o império português durante o período colonial, bem como dos espaços onde estilos de vida alternativos gradualmente foram resultando em projetos de habitação social, hortas comunitárias, áreas naturais protegidas e associações de movimentos ativistas.


Quando formalizar o seu registo, deve escolher um destes dois grupos de roteiros.

 


ROTA A:



1. Jardim Botânico

O Jardim Botânico da Universidade de Coimbra remonta a 1772. Localizado no coração da cidade, foi uma iniciativa do Marquês de Pombal, que se estende sobre treze hectares de terra, na sua maioria doados pelos Monges Beneditinos. Os jardins botânicos surgiram na Europa na sequência da expansão europeia no século XV e do contacto com planas e animais exóticos que despertaram o interesse por esta área de estudos. Garcia da Orta, por exemplo, foi um português que viajou para a Índia no século XVI e se dedicou ao estudo das propriedades terapêuticas das plantas, publicando dois importantes ensaios.

O século XVIII é marcado pela revolução de mentalidades e grandes avanços na ciência, particularmente no campo da medicina. Assim, o Jardim Botânico de Coimbra foi criado com o objetivo de complementar o estudo da história natural e da medicina. Domingos Vandelli foi o primeiro zelador.

A partir de 1791, Avelar Brotero destacou-se como naturalista e botânico com várias publicações, incluindo a primeira Flora Lusitana (1804). Este investigador português criou a primeira escola prática de botânica.

2. Biblioteca Joanina

A Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra deve o seu nome ao monarca sob cuja égide se verificou a sua edificação: D. João V, o Rei Magnânimo, como historicamente ficaria conhecido. Esta biblioteca barroca foi construída no século XVIII, é antecedida por um portal encimado pelo escudo nacional, o seu interior é formado por três salas que comunicam entre si por arcos decorados, com estrutura idêntica à do portal. As paredes estão cobertas de estantes de dois andares, em madeiras exóticas, douradas e policromadas e contém cerca de 200 mil obras, de que se destacam exemplares de medicina, geografia, história, estudos humanísticos, ciências, direito civil e canónico, filosofia e teologia.

 


ROTA B:



1. Portugal dos Pequenitos
O Portugal dos Pequenitos é um projeto de Salazar, ditador português (1932-1968) e de Bissaya Barreto, médico de grande prestígio e político de Coimbra, que convidaram um arquiteto moderno, Cassiano Branco (1940’s) a desenhar um parque temático que representasse o império português através da sua arquitetura. Foi uma dos mais importantes elementos da propaganda política do Estado Novo, resistindo à queda do regime. Das casas portuguesas, à sociedade colonial, aos monumentos nacionais, tudo está representado à escala de uma criança. O Portugal dos Pequenitos é uma exposição qualificada como arquitetura portuguesa e arte arquitetónica e escultural.

2. O bairro da Relvinha
O Bairro da Relvinha foi reconstruído nas primeiras décadas do regime democrático no âmbito que uma política que visava democratizar o acesso à habitação. O Arquiteto Nuno Portas, um dos principais impulsionadores desta política, defendia a aproximação entre os cidadãos e o contexto urbano e o envolvimento da população no desenho da cidade. No bairro da Relvinha, face aos graves problemas  de habitação, a associação de moradores solicitou apoio ao Serviço de Apoio Ambulatório Local (SAAL). O SAAL, em conjunto com a comunidade local, desenvolveu um processo participativo de construção e renovação do bairro, uma experiência bastante bem sucedida. Em 2003, um grupo de membros da associação cívica Pro Urbe, de Coimbra, promoveu o Relvinha CBR_X, um acontecimento cultural, sustentado em dramaturgia contemporânea e arquitetura, cujo elemento central era a participação dos/as habitantes.