Resumo
A sessão propõe refletir sobre a sociologia do trabalho, nos cenários de perturbações sistêmicas que se apresentam como um importante motor de análise. O capitalismo traz consigo algumas características que são ponto de análise de muitos estudos no âmbito das desigualdades sociais, uma delas se preocupa em compreender os desequilíbrios constantes no Estado-social e as suas respectivas reações à procura de concertação (por exemplo, as políticas de discriminação positivas), para dar resposta a sociedade. A perspectiva de análise deste trabalho pressupõe compreender as lógicas de negociação e de coesão social que se encontram na base da determinação do salário mínimo e das políticas recentes de sua valorização no Brasil e em Portugal. O estudo acontece em uma fase de transformação social vivenciada pelos dois países, em momentos contrastantes nas orientações políticas de seus respectivos governos e pode dizer muito sobre a questão social e as possibilidades em termos de conquistas socieconômicas, por parte dos trabalhadores em cada contexto, tanto no enquadramento do desmantelamento do Estado-social português (provocado pela crise político econômica), quanto na expansão das políticas sociais que estão associadas ao fortalecimento de um Estado-social brasileiro. Pretende-se centrar a atenção nos contextos e procedimentos de negociação coletiva que acontecem nos espaços tripartites onde os atores institucionais (representantes de governo, sindicatos e empregadores) negociaram as políticas de elevação do salário mínimo. Por isso, este trabalho reserva relevância metodológica aos efeitos de natureza na pesquisa qualitativa e quantitativa, através do estudo comparativo com foco institucional, nas formas de organização e ação sindical, além das medidas de valorização do salário mínimo que exercem influência nas negociações salariais das categorias de trabalhadores organizados nos dois países.
Nota biográfica
Saulo Aristides, doutorando do Programa de Relações de Trabalho, Desigualdades Sociais e Sindicalismo do Centro de Estudos Sociais (CES) e da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC); Projeto de Pesquisa intitulado: “A ciranda social em torno da negociação do salário mínimo” financiado pela CAPES - Doutorado Pleno no Exterior. É mestre em sociologia pela mesma instituição portuguesa. Frequentou e concluiu a graduação/licenciatura em Ciências Econômicas na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Organização: Grupo de Estudos Relações de Trabalho e Sociedade (RETS/CES) com o apoio do Sindicato dos Professores da Região Centro.