Gender workshop

A representação das mulheres e seus lares: entre a modernidade e o tradicional

Sabrina Fontenele (Universidade Estadual de Campinas)

26 de abril de 2018, 17h00

Sala 2, CES | Alta

Resumo

O estudo da arquitetura moderna, sua relação com a vida cotidiana e com as questões de gênero tem estimulado pesquisas que buscam novas fontes de estudo e ampliam a análise sobre suas ideias e realizações. Esta proposta analisa a produção da arquitetura moderna e da sua relação com a vida cotidiana a partir do estudo de apartamentos duplex nos edifícios multifuncionais construídos nas metrópoles. Os arranjos espaciais dessa tipologia relacionavam-se originalmente com a ideia de economia na construção e com o discurso da funcionalidade do espaço que sugeria novas práticas domésticas levando em conta a entrada da mulher no mercado de trabalho, como também sua participação na organização do lar e da família. As dinâmicas familiares nesses espaços podem ser compreendidas a partir de fotografias, desenhos e representações dos usuários e seu cotidiano. Um levantamento sobre os exemplares mais emblemáticos de conjuntos multifuncionais modernos revela que as mulheres eram as principais figuras representadas em seus espaços domésticos, assumindo ora o papel de símbolos das inovações dos modos de vida, ora apresentadas como imagens tradicionais: cuidando dos afazeres domésticos e de seu corpo. Esta proposta nasceu da tentativa de desenvolver um olhar mais apurado sobre os papéis que elas assumiam ou representavam nesses espaços propostos, assumindo-as ora como símbolos da inovação dos modos de vida, ora como possibilidade representação da família tradicional. Estas imagens conservadoras tentam convencer investidores e moradores de que a proposta de espaços funcionais projetados arquitetos modernos é possível para qualquer perfil de usuário. Em outras palavras, qualquer família pode viver bem em um arrojado edifício moderno. O trabalho pretende focar o debate em experiências brasileiras, mas deverá ainda refletir sobre as diferenças e semelhanças com outras experiências internacionais de maneira a melhor compreender a ideia do morar moderno, as práticas domésticas e a representação da figura feminina em edifícios modernos entre as décadas de 1930 a 1960.


Nota biográfica

Sabrina Fontenele Costa - Mestre e doutora pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP). Arquiteta e urbanista pela Universidade Federal do Ceará. Pesquisadora de pós-doutorado da Universidade Estadual de Campinas (IFCH-Unicamp) onde estuda questões como domesticidade, gênero, preservação e arquitetura moderna financiada pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) com o projeto de pesquisa intitulado “Modos de morar nas métropoles: domesticidade, preservação e memória nos apartamentos duplex modernos em São Paulo”. Tem experiência na área de Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em História da Arquitetura e Urbanismo, atuando principalmente nos seguintes temas: domesticidade moderna, história da arquitetura, patrimônio histórico, restauro, arquitetura e restauração. Funcionária do Centro de Preservação Cultural da USP. Autora do livro “Edifícios modernos e o traçado urbano no Centro de São Paulo” (Annablume, 2015).


Leituras recomendadas:

Fontenele, Sabrina (2017), “Modos de morar na metrópole: a representação das mulheres e da domesticidade nos apartamentos modernos duplex”, apresentado em Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress, Santa Catarina, Florianópolis, 30 de julho a 4 de agosto. [LER]

Fontenele, Sabrina (2017), “A casa de vidro e sua moradora invisível”, Vitruvius, Ano 17, set. 2017. [LER]

[Os textos propostos estão on-line e são de livre acesso.]