Este projecto pretende avaliar o presente do conhecimento, da população portuguesa, sobre um conjunto de doenças/condições, e o estado do acesso à informação sobre saúde, as suas fontes e a sua interpretação e efeitos sobre práticas relacionadas com a saúde. O projecto permitirá, igualmente, a elaboração duma metodologia para a avaliação do impacto de iniciativas na informação em saúde, a ser testada através da análise dos programas, campanhas e outras iniciativas em curso, bem como a sua recepção. Espera-se que esta abordagem faculte, ainda, instrumentos para a avaliação de iniciativas sobre produção e distribuição de informação no âmbito do Programa Harvard Medical School-Portugal. Apesar do recente desenvolvimento de abordagens críticas e inovadoras na informação e comunicação em saúde, o conhecimento de como a informação é recebida por públicos-alvo e por estes apropriada como parte de configurações existentes de conhecimento e, em particular, de conhecimento baseado na experiência é ainda limitado, e de como diferentes grupos usam, avaliam, hierarquizam e combinam informação de diferentes fontes ou como o conhecimento e as práticas em saúde são transformadas através da exposição a nova informação e da apropriação desta – por outras palavras, dos efeitos performativos da informação.
As estratégias de comunicação têm um lugar central na realização de iniciativas de informação sobre saúde, mas a sua eficácia depende do conhecimento detalhado dos materiais (ou “mensagens”), dos públicos-alvo, dos contextos (sociais, ambientais, económicos, culturais, institucionais) e das mediações (materiais, institucionais, sociais, culturais e cognitivas) que permitem à informação circular, ser recebida e apropriada por esses públicos.
O projecto abordará estas questões através de: a elaboração de instrumentos teóricos, conceptuais e metodológicos adequados; da investigação sobre a) a eficácia dos materiais de informação sobre saúde; b) o estado do conhecimento e do acesso a informação relativa à saúde e da sua recepção entre a população portuguesa; c) a efectividade das iniciativas sobre informação em saúde; d) as cadeias de informação e as mediações associadas a programas ou iniciativas específicos.
Serão igualmente realizadas actividades de disseminação, ao longo do projecto, incluindo um conjunto de recomendações para instituições, profissionais e outras entidades no campo da saúde, com base nos resultados do projecto. Os materiais e os casos incluídos no projecto referem-se àquelas condições que constam do Plano Nacional de Saúde como prioridades para a política de saúde, de entre as quais serão seleccionar aquelas que têm sido objecto de campanhas ou iniciativas de informação a nível nacional, nomeadamente das autoridades sanitárias, mas também aquelas que tiveram origem ou foram patrocinadas por associações de doentes e associações ou sociedades profissionais e científicas. Serão consideradas com atenção particular três subpopulações: adolescentes (10-17 anos), adultos jovens (18-25) e idosos (60+).
O projecto estará centrado sobretudo nas formas, conteúdos, fluxos, mediações e modos de apropriação e uso da informação sobre as várias doenças e condições, o seu diagnóstico e terapia, tomando em consideração a influência de determinantes biológicos, ambientais, sociais, económicos, culturais e institucionais.
A abordagem teórico-conceptual deste projecto decorre das contribuições de diversas disciplinas e áreas interdisciplinares de investigação, incluindo os estudos de comunicação em ciência e saúde, os estudos sociais da medicina e da saúde, a antropologia médica, a psicologia e a epidemiologia e saúde pública. A metodologia pensada baseia-se numa configuração de abordagens quantitativas e qualitativas, incluindo: um inquérito representativo da população nacional; entrevistas com agentes de comunicação de saúde, profissionais de saúde e outros actores envolvidos na informação em saúde e suas iniciativas, nomeadamente organizações de doentes; grupos focais com públicos-alvo das iniciativas; e análise documental (incluindo análise de materiais online e impressos, sobre os objectivos, estratégias, conteúdos, destinatários e resultados esperados de iniciativas).
A composição interdisciplinar da equipa de investigação e a considerável experiência dos seus membros e das instituições participantes em investigação colaborativa e envolvimento activo na comunicação e educação em ciência e saúde, investigação epidemiológica e colaboração com diferentes actores através de várias formas de investigação-acção, permite reunir as competências científicas e organizacionais e a infraestrutura necessárias ao sucesso do projecto. A colaboração com a Harvard Medical School e, em particular, com o seu Departamento de Saúde Global e Medicina Social será um recurso indispensável para o projecto, trazendo uma riquíssima experiência de envolvimento de instituições e profissionais de saúde com públicos numa variedade de contextos sociais. |