As oficinas de ciência (science shops) são hoje parte do domínio do envolvimento público com a ciência em muitos países europeus, e para além da Europa. A diversidade de experiências neste domínio apresenta um riquíssimo reportório de modelos organizativos, de iniciativas e de modos de articulação das preocupações de, por um lado, cientistas e instituições científicas e, por outro, diferentes tipos de públicos. As oficinas de ciência aparecem, de facto, como um importante meio de democratização da ciência. Apesar da sua riqueza, a experiência das oficinas de ciência é desigualmente distribuída, nomeadamente no espaço europeu. Portugal é, precisamente, um caso óbvio de ausência de experiências com oficinas da ciência. Durante mais de uma década, conhecemos várias iniciativas bem sucedidas no campo da educação científica e, em particular, através de actividades extra-curriculares – nomeadamente no âmbito da agência nacional Ciência Viva, associada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior -, assim como algumas experiências de envolvimento de cientistas na divulgação científica. São escassas, contudo, as experiências de envolvimento de cientistas e instituições científicas com cidadãos e públicos com o objectivo de responder a preocupações associadas à ciência e à tecnologia e manifestadas pelos próprios públicos ou cidadãos, como as oficinas de ciência. As instituições proponentes deste projecto contam-se entre as mais importantes instituições de investigação existentes em Portugal, com actividade nos campos das ciências biomédicas e da vida e das ciências sociais. Ambas as instituições têm um compromisso com o desenvolvimento das relações entre ciência e sociedade, com base em abordagens transdisciplinares em que convergem as ciências biomédicas e da vida, as ciências sociais e as artes. O principal objectivo deste projecto é dar resposta a esse hiato nas relações entre ciência e sociedade em Portugal através da criação de uma oficina de ciência e do envolvimento, através desta, com uma diversidade de públicos, em torno do tema específico das implicações sociais das ciências da vida e das tecnologias associadas a estas. Esse objectivo será perseguido através da criação de uma infraestrutura assegurando apoio continuado à actividade da oficina de ciência e à comunicação com diferentes públicos; a identificação e mobilização de públicos diversos; a formação de mediadores/facilitadores de actividades de oficinas de ciência; o desenvolvimento de actividades-piloto com vista à criação de um “efeito de demonstração”do potencial das oficinas de ciência para a promoção de diálogos e colaborações entre ciência e sociedade; e a disseminação e partilha de experiências que estimulem e apoiem a criação de outras oficinas de ciência.