O CES vai à Escola (CVE) completou 10 anos de atividade no ano letivo 2019/2020. Ao longo destes anos, largas dezenas de investigadoras/es do CES envolveram-se na iniciativa, levando às escolas do ensino básico e secundário um conjunto de temas e debates contemporâneos, fomentando desta forma um alargamento dos públicos tocados pela investigação académica. O CVE tornou-se assim um destacado emblema das atividades de extensão que o CES oferece. O primeiro decénio de existência é uma oportunidade para lançarmos um olhar à natureza do projeto e aos resultados alcançados.
Sair da academia
O CVE tem lugar entre novembro e junho de cada ano letivo e destina-se a estudantes de vários graus de ensino (básico e secundário). Agrega investigadores/as de diferentes áreas de trabalho, contribuindo para a disseminação do conhecimento nas áreas das ciências sociais, das artes e das humanidades, que desta forma dão a conhecer a investigação desenvolvida no CES. O processo de solicitação das sessões é simples: no início de cada ano letivo, o CES lança um convite a professores/as de todo o país, que posteriormente podem escolher os temas que pretendem a partir da plataforma existente para o efeito (em https://www.ces.uc.pt/extensao/cesvaiaescola/), não acarretando as sessões qualquer custo para as escolas. A paleta de temas oferecidos tornou-se já um instrumento acessível e convocado por muitos/as professores/as, integrando recorrentemente a agenda de várias comunidades escolares.
O programa constitui, assim, uma das estratégias fundamentais de disseminação da cultura científica do CES, através da promoção de contactos entre os/as investigadores/as e a comunidade escolar. Ao mobilizar uma parte assinalável do corpo de investigadores/as do CES, a iniciativa funciona como uma montra que permite ao CES estimular o impacto social dos saberes produzidos na academia, contribuindo para democratizar o acesso ao debate e à cultura científica a largas camadas de jovens.
Num país, como Portugal, em que a relevância dada à extensão é ainda reduzida, e num momento em que a academia está cada vez mais condicionada, seja pelos critérios hegemónicos de publicação em revistas indexadas, seja pela pressão neoliberal para privatização das universidades e para a instrumentalização do saber, a emergência e consolidação do “CES vai à Escola” não é separável da perspetiva à luz da qual o conhecimento deve estar, antes de mais, ao serviço de critérios de justiça social e de democratização do saber.
Dez anos de atividade: um breve retrato
Numa década o CVE consolidou-se como uma iniciativa icónica do compromisso do CES com a ciência em e com a sociedade. O CVE foi paulatinamente aumentando o número de investigadores/as que ativamente participam na organização de sessões, bem como o número de temas oferecidos. Em termos de alcance geográfico, lentamente evoluiu de uma atividade circunscrita à região centro do país para uma atividade que foi cobrindo outras partes do território nacional, incluindo as ilhas. Embora o foco desta atividade envolva estudantes do ensino primário e secundário, a noção de “escola” foi alargada a sessões em organizações sociais, formação de professores/as, universidades sénior e bibliotecas públicas.
Para além de constituir um espaço de disseminação da investigação produzida no CES, o CVE consolidou-se como um precioso instrumento para a troca de saberes e para uma articulação da linguagem das universidades com as perspetivas e preocupações que atravessam a sociedade. Através do CVE a investigação do CES pôde aprender com as vozes de estudantes e professores/as, aprofundando a sintonia com saberes sociais, com as questões que mobilizam as diferentes gerações nos sistemas de ensino e com uma diversidade de pedagogias participativas.
Em 2011 foram propostas 44 sessões que chegaram a cerca de 2500 alunos/as de escolas maioritariamente do ensino secundário da região centro do país. Em 2014, o CVE ganhou um concurso do programa “Escolher Ciência” do Ciência Viva, que constituiu um reconhecimento do trabalho desenvolvido e da importância desta atividade. Em 2015 o número de sessões propostas tinha já triplicado e nesse ano alcançou mais de 6000 alunos/as. Conhecendo um ligeiro decréscimo nos anos de 2016 e 2017, no ano de 2018 o número de participantes voltou a crescer. Em 2019, o CES disponibilizou mais de 50 temas diferentes e alcançou quase 6000 estudantes, em 124 sessões apresentadas nas escolas pelos investigadores/as do CES.
Em 10 anos o CES vai à Escola realizou 679 sessões e chegou a mais de 34.000 alunos/as.
Coordenadores/as do CVE ao longo dos 10 anos:
Ana Raquel Matos, Pedro Araújo, Susana Costa e Sara Araújo - 2010-2011
Bruno Sena Martins, Miguel Cardina, Patrícia Branco, Susana Costa - 2011 - 2012
Bruno Sena Martins, Miguel Cardina, Susana Costa - 2012 - 2020
Ana Teixeira de Melo, Carlos Nolasco e Fernando Fontes - 2020- janeiro de 2022
Ana Teixeira de Melo, Carlos Nolasco e Raquel Ribeiro - Março de 2022 a Novembro de 2022
Carlos Nolasco, Luciana Sotero e Raquel Ribeiro - Novembro de 2022 a Setembro de 2023