Globalizações Alternativas e Reinvenção da Emancipação Social
 

Partiremos do pressuposto de que a globalização não é um fenómeno único e monolítico. O conceito cobre muitos fenómenos diferentes e até contraditórios. Serão identificados quatro principais modos de produção de globalização: localismos globalizados, globalismos localizados, cosmopolitismo e herança comum da humanidade. Os dois primeiros modos são formas hegemónicas de globalização e, enquanto tal, estão na origem de novas formas de regulação social global. Os dois últimos modos são formas de globalização contra-hegemónica e, enquanto tal, apontam para a possibilidade de novas formas de emancipação social.

A possibilidade de distinguir entre globalização hegemónica e contrahegemónica será, portanto, central no nosso seminário. Na verdade, à medida que entramos num período pós-Consenso de Washington, a globalização neoliberal é confrontada com formas alternativas de globalização de que o melhor exemplo é o Fórum Social Mundial realizado em Porto Alegre em 2001, 2002 e 2003, e em Mumbai em 2004. Por todo o mundo, grupos socialmente excluídos ou vulneráveis e os seus aliados estão a desenvolver alternativas às formas hegemónicas de sociabilidade, dando origem a novas culturas políticas e a novas formas de activismo social e legal. Assim sendo, os processos de exclusão estão a deparar com resistências, iniciativas de base, organizações locais, movimentos populares que procuram contrariar a exclusão social, abrindo espaços para a participação democrática, para a construção de comunidades, para alternativas às formas dominantes de desenvolvimento e de conhecimento, em suma, para a inclusão social.

A partir destas iniciativas locais e das suas ligações transnacionais, um novo internacionalismo solidário está a emergir e a emancipação social está a ser reinventada. O seminário agrupará tais iniciativas e redes sob os seguintes temas: democracia participativa; sistemas alternativos de produção; multiculturalismo emancipatório, direitos humanos e novas formas de cidadania; biodiversidade, conhecimentos rivais e direitos de propriedade intelectual; novo internacionalismo operário.


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