Apresentação
O IV Colóquio Internacional de Doutorandos/as do CES tem como objetivo fundamental promover o diálogo em contexto interdisciplinar entre os/as investigadores/as de doutoramento deste Centro e investigadores/as de outras instituições, nacionais e internacionais, procurando valorizar e divulgar projetos de investigação em curso.
Nesta edição, intitulada Coimbra C: Dialogar com os Tempos e os Lugares do(s) Mundo(s), propõe-se criar um espaço de reflexão crítica que possibilite o debate sobre a importância que as questões do tempo e do espaço podem ter na produção de conhecimentos no(s) mundo(s).
‘Vivemos tempos difíceis’, tornou-se numa expressão difícil de rebater. Mas de que temporalidades estamos a falar, e de que lugares? Que complexidades têm esses tempos e lugares? De que formas podemos atuar no Tempo em que vivemos?
Viver o tempo expressa um conjunto de imaginários, racionalidades e experiências que se vão construindo em diferentes espaços, por diferentes pessoas que estão também em crescente mobilidade, constituindo diferentes lugares a partir dos quais se produzem conhecimentos comprometidos com os mundos.
Se as sociedades ocidentais renascentistas valorizavam a ancestralidade e a antiguidade de cunho greco-romano, a modernidade ocidental da expansão europeia, e o seu colonialismo subsequente, olhou o passado como algo a superar face aos ideais iluministas de Progresso, Ciência, Razão e Técnica, criando com isso clivagens entre pessoas e entre sociedades. No sistema mundo moderno europeu capitalista, o tempo passou a integrar uma ordem de regulação e controlo de forma a estabelecer relações económicas, políticas e simbólicas de dominação/exploração, redefinindo e acelerando as relações que as pessoas assumem com o espaço através, por exemplo, da recriação de dicotomias trabalho/lazer, urbano/rural, público/privado.
Habitar o espaço na contemporaneidade significa igualmente viver territórios de fronteiras porosas em contextos cada vez mais experienciados nas suas dimensões transnacionais e transculturais. A complexidade destas dinâmicas societais, subjacente à crescente mobilidade de pessoas, traz a necessidade de repensar a relação entre nações, territórios, culturas e identidades. Os impedimentos jurídico-legais à livre circulação de pessoas e bens materializam-se, por exemplo, na edificação de ‘muros de segurança’ face à imigração ilegal, ou em políticas de língua nativistas que visam controlar a disseminação da diversidade cultural num espaço imaginado como homogéneo. Neste sentido, o espaço é visto como uma produção cultural, económica, política e histórica contínua que resulta das tensões entre heranças e mudanças, entre passados e projetos, entre inclusões e exclusões – um processo que constitui quer os lugares quer os sujeitos.
Nesta perspetiva, refletir sobre os modos como nos relacionamos com os tempos e os lugares (no plano individual e no plano coletivo) há de revelar as formas como as pessoas pensam o mundo, o que resulta crucial para a crítica ao modelo único de Tempo que a modernidade ocidental tornou hegemónico. É necessário identificar as várias forças desiguais de poder – tanto de sentido opressor ou emancipador – que edificam, legitimam e transformam os pensamentos e/ou as ações. Pensar a ideia de tempo implica necessariamente pensar em história (vivida) e em memória, nas dimensões plurais e heterogéneas de como se interpreta o passado, o presente e o futuro, e de como se vive o espaço (ou os espaços), o que põe em causa tanto o carácter linear do tempo ocidental como a universalidade da sua escala.
O tempo tem, assim, dimensões praxeológica, contextual, ontológica e política, e sintetiza descontinuidade, ritmo, rutura e crises, apropriações e reinvenções, algo importante a ter em conta no momento em que se quer partilhar conhecimentos no intuito de atuar nos diferentes mundos em que vivemos. Até que ponto nos poderemos emancipar em relação ao Tempo?
Partindo deste desafio, convidamos os/as doutorandos/as e outros/as investigadores/as de instituições nacionais e internacionais a enviar propostas de comunicações que reflitam criticamente sobre as seguintes temáticas:
1. Cidadanias e narrativas de desenvolvimento: participações e imposições
2. Cidades, culturas e sustentabilidades: as políticas e os públicos
3. Direito(s), Justiça(s) e Democracia(s): violências, representações e metamorfoses
4. Género, famílias e sexualidades: os modelos e as experiências
5. Governação, Políticas Públicas e Inovação social: das ‘crises’ às alternativas
6. Literaturas, Imagens e Ciência: entre representações e práticas
7. Metodologias de Investigação: reflexividade, ferramentas e impactos
8. Migrações: tensões entre Estado de direito e as subjetividades
9. Patrimónios, Artes e Arquiteturas: memórias e transformação
10. Pluralismos socioculturais, políticos e económicos: movimentos, lutas sociais emancipatórias e Estado moderno
11. Pós-colonialismos: relações coloniais, dominações e resistências
12. Relações Internacionais e seus contextos: entre a(s) teoria(s) e a(s) história(s)
13. Territorialidades e Propriedade: natureza, domínio privado e gestão coletiva
14. Trabalho e Desigualdades sociais: conflitos e precariedades
O Colóquio terá lugar na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (Portugal) de 6-7 de dezembro de 2013.
O envio de propostas foi prolongado até ao dia 15 de Setembro e encontra-se atualmente encerrado. Os proponentes serão notificados da decisão.
Tendo em conta o número considerável de propostas que foram recebidas, a comissão organizadora prolongou o seu processo de seleção. Assim, a comunicação dos resultados da seleção de resumos deverá acontecer até 15 de outubro em vez de 30 de setembro (data inicialmente prevista).
Após a realização do Colóquio irá proceder-se à seleção de comunicações para posterior publicação na revista Cabo dos Trabalhos.
Após a notificação da seleção, os textos deverão ser entregues até 30 de Dezembro de 2013.