Conferência
A Rede
A língua é uma componente-chave no acesso à educação, ao emprego, aos serviços sociais e à participação comunitária. Na Europa tem sido historicamente considerada como essencial à definição de identidades individuais e coletivas. Os processos pelos quais as pessoas aprendem novas línguas e se tornam falantes legítimas dessas línguas são complexos. Partilhar o entendimento destas complexidades e cruzar diferentes cenários multilingues em que trabalham os participantes desta rede (incluindo a educação, a saúde, a cultura juvenil, o local de trabalho e as ONG), ajuda a aprofundar conhecimentos sobre como enfrentar os desafios que os novos falantes de diferentes variedades linguísticas enfrentam no contexto de uma Europa multilingue. A globalização, o aumento da mobilidade e as redes transnacionais transformam as ecologias linguísticas das sociedades contemporâneas. Através desta Ação pretende-se compreender melhor as potenciais tensões sociais que surgem do acesso desigual à participação dos novos falantes nos projetos multilingues europeus.
O Evento
Centrando-se em Políticas e Práticas, o Colóquio Final geral da Rede Novos Falantes reunirá o trabalho que surgiu do diálogo e da colaboração conjunta entre investigadores, formuladores de políticas e outros atores sociais interessados (stakeholders) nos últimos quatro anos sobre as dinâmicas envolvidas no processo de se tornar um/a ‘novo/a falante’ de uma língua no contexto de uma Europa multilingue. Apresentaremos os resultados das nossas pesquisas e recomendações de políticas, explorando um formato de diálogo conjunto entre investigadores e stakeholders. Os diferentes temas ligados às atividades científicas dos nossos Grupos de Trabalho serão:
- Novos Falantes e Competência
- Novos Falantes e Subjetividades
- Novos Falantes e Políticas Linguísticas
- Novos Falantes, Legitimidade e Governamentalidade
‘Novos falantes’ (ou neofalantes) são pessoas cidadãs multilingues que, ao lidarem com línguas diferentes da sua língua "materna" ou "nacional", têm de transpor as fronteiras sociais existentes, reavaliar os seus próprios níveis de competência linguística e (re)estruturar as suas práticas sociais para se adaptarem a espaços linguísticos novos, complexos e sobrepostos. Na nossa rede procurámos compreender de que forma podem surgir tensões, quando novos falantes encontram obstáculos à sua plena participação nas esferas políticas e económicas cada vez mais multilingues da Europa. Estas desigualdades podem colocar desafios à integração europeia, à coesão social e à colaboração económica, bem como à plena participação das minorias territoriais e imigrantes. Juntamente com estas sessões, o evento incluirá conferências plenárias, painéis com pesquisadores e atores locais sobre novos falantes e diversidade linguística em contextos de língua portuguesa, assim como uma série de eventos culturais sobre questões ligadas a minorias sociolinguísticas territoriais e das migrações, destinadas ao público em geral.
Os Anfitriões
A Universidade de Coimbra
Fundada em 1290, a Universidade de Coimbra foi a primeira - e, até ao início do século XX, a única - universidade de língua portuguesa e classificada como Património Mundial pela UNESCO em 2013. Crucial na consolidação e padronização da língua nacional e imperial desde os tempos medieval e colonial, a região de Coimbra e a sua universidade têm sido responsáveis pela educação e formação de muitas gerações de onde surgiram políticos, escritores e outras figuras intelectualmente proeminentes dos países de língua portuguesa em todo o mundo. Esta história deixou traços duradouros na universidade, nas suas coleções de bibliotecas, arquivos e museus, e sobretudo na sua herança imaterial e imaginação simbólica. Alberga uma das maiores comunidades estudantis internacionais em Portugal.
O Centro de Estudos Sociais (CES) e o Núcleo de Humanidades, Migrações e Estudos para a Paz (NHUMEP)
http://www.ces.uc.pt/nucleos/nhumep
Dirigido desde a sua fundação (1978) pelo Professor Boaventura de Sousa Santos, a comunidade transdisciplinar e cosmopolita de investigação do CES reúne cerca de 800 estudantes de pós-graduação, investigadores e investigadores de pós-graduação de diversos campos (da sociologia à biologia, incluindo especialistas nos campos de educação, literatura, cultura e relações internacionais, arquitetura, entre outros). No cerne da estratégia científica do CES está o objetivo de democratizar o conhecimento e contribuir para tornar a ciência um bem público. Os investigadores do CES trabalham em todos os níveis de análise - local, nacional, regional, internacional e global, estudando as dinâmicas entrelaçadas entre esses diferentes níveis.
Com o objetivo específico de promover o diálogo crítico aberto e ativo entre as humanidades e as ciências sociais, o núcleo das Humanidades, Migrações e Estudos para a Paz (NHUMEP) do CES inclui investigadores/as – da antropologia, estudos feministas, história, relações internacionais, direito, linguística, estudos literários e culturais, estudos para a paz, estudos pós-coloniais, sociologia - com sólida experiência na promoção deste diálogo. Neste contexto, a pesquisa linguística e sociolinguística tem enfrentado um duplo desafio: partimos da língua e das ciências da linguagem, principalmente na perspetiva da etnografia linguística e na encruzilhada com os estudos das migrações, para explorar modos de contribuição do nosso trabalho disciplinar para o diálogo transdisciplinar comum e, logo, para o desenvolvimento de abordagens socio-históricas, socioculturais e críticas no estudo das línguas e da linguagem, das políticas linguísticas, da alfabetização e do discurso em sociedades contemporâneas onde o português entra na distribuição multilingue. Isto inclui desenvolver ordens de investigação que se orientam para o reconhecimento de ecologias multilingues na sociedade portuguesa, assim como formas inovadoras de pensar falantes e escreventes, espaços de fala e subjetividades falantes.
O CIDLeS – Centro Interdisciplinar de Documentação Linguística e Social
Dirigido desde a sua fundação (Janeiro de 2010) por Vera Ferreira, o Centro Interdisciplinar de Documentação Social e Linguística (CIDLeS) é um centro de investigação independente, sem fins lucrativos, que visa promover e aprofundar a investigação em duas áreas linguísticas: documentação linguística e tipologia linguística. Além da documentação, estudo e divulgação das línguas europeias ameaçadas e minoritárias, o CIDLeS está também empenhado no desenvolvimento de tecnologias da linguagem para o trabalho científico e didático com línguas menos usadas. O CIDLeS tem três grupos de pesquisa distintos (CIDLeS Media Lab, Documentação e Tipologia Linguística e Revitalização Linguística) cujos projetos estão inter-relacionados com o objetivo de fomentar a pesquisa interdisciplinar. Para além da organização de conferências e workshops sobre línguas ameaçadas e da investigação linguística, o CIDLeS dá formação em documentação linguística, processamento e gestão de dados, arquivamento, codificação e revitalização de línguas.