No âmbito do Programa Cátedra Milton Santos estabelecido entre a Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Nível Superior – CAPES, do Brasil, e o Centro de Estudos Sociais – Laboratório Associado – da Universidade de Coimbra, e como atividade de encerramento do primeiro ano da Cátedra, realizar-se-á, a 27 e 28 de Março de 2012, no Auditório da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, o Colóquio Internacional “As Lutas pela Amazónia no Início do Milénio”. O colóquio tem como principal objectivo reunir pensadores envolvidos com estudos do processo de desenvolvimento para dar a conhecer e debater com pesquisadores, estudantes e professores de Portugal, e de outros países europeus, os temas mais relevantes da “questão amazónica”, tratados em diversos foros científicos e políticos internacionais no momento actual; assim como apresentar as alternativas oferecidas pelo Projeto “Desenvolvimento Sustentável do Meio Rural e Conservação da Biodiversidade nas Reservas de Biosfera da Amazónia”, que se vem desenvolvendo sob a Coordenação da Cátedra UNESCO de Cooperação Sul-Sul para o Desenvolvimento Sustentável no Marco do Programa MAB e com o suporte do Organismo Autónomo Parques Nacionais do Ministério de Agricultura, Alimentação e Meio Ambiente da Espanha (OAPN). O evento conta com o apoio do Programa MAB da UNESCO, da Universidade de Coimbra, do CES, do OAPN de Espanha, da Fundação para a Ciência e a Tecnologia do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Portugal, e outras instituições.
Em Junho de 2012 reunir-se-á no Rio de Janeiro a Rio+20, conferência mundial que analisará os alcances e limitações da Conferência Mundial das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento realizada nessa cidade em Junho de 1992 e que gerou a conhecida Agenda 21.
O colóquio internacional sobre a Amazónia será uma oportunidade para discutir o futuro da região no contexto internacional atual e contribuir para os debates que se travarão na Conferência Rio+20, na perspectiva de posteriormente avançar nas discussões das questões amazónicas à luz dos compromissos assumidos na Rio+20, numa Conferência Rio+20 Amazónico.
O processo de globalização, a mundialização dos mercados, o extraordinário avanço das telecomunicações, a modernização dos transportes, o fortalecimento da sociedade e do mercado do conhecimento, entre outros fatores, modificaram profundamente a geografia mundial, trazendo a tona questionamentos diversos sobre o rumo que tomou a sociedade num mundo extremamente injusto e desigual que, ao que tudo indica, tende a agravar-se.
No atual contexto internacional testemunha-se uma nova organização das atividades económicas e vive-se acirrada disputa entre as potências detentoras da moderna tecnologia, localizadas nos países hegemónicos, e países detentores dos maiores estoques de natureza, localizados principalmente em países periféricos; e nesse contexto a Amazónia passa a ter papel preponderante pelo enorme stock de capital natural que ela possui e pelo seu papel crucial nas mudanças climáticas globais.
Com esse pano de fundo surgem perguntas que nortearão o colóquio, entre as quais as seguintes:
1) O que ficou do conceito de desenvolvimento sustentável propalado a partir da Rio 92 e que relevância teve na formulação de políticas de desenvolvimento da Amazónia?
2) Qual é o peso que têm ou deveria ter a Amazónia nos debates e acordos internacionais que envolvem a questão das mudanças climáticas globais?
3) Qual é ou deveria ser o envolvimento das populações locais na formulação e implementação de políticas públicas na Amazónia e quais tem sido os benefícios e os malefícios dos programas de desenvolvimento da região para essas populações?
4) As Constituições de vários países amazónicos têm vindo a consagrar modelos alternativos ao desenvolvimento a partir das cosmovisões indígenas. Qual o impacto das novas exigências constitucionais no modo como se encarar o futuro da Amazónia?
5) A sede de recursos naturais por parte do capitalismo global é aparentemente infinita. Que limites ou alternativas oferece o novo mandato ecológico em construção no mundo?
6) As lutas pela Amazónia refletem conflitos entre interesses económicos sociais, e culturais. Menos tratados são os interesses militares. Como analisar a crescente militarização da Amazónia?
7) As lutas pela Amazónia refletem conflitos entre interesses económicos sociais, e culturais. Menos tratados são os interesses militares. Como analisar a crescente militarização da Amazónia?